Entrada de Alckmin no PSB pode acelerar acordo da sigla com o PT em Pernambuco
Em Pernambuco, assim como em outros estados, o PSB já iniciou um processo de consultas para avaliar os impactos da possibilidade de filiação do ex-governador de São Paulo
Mesmo que o impacto direto da possível filiação do ex-governador Geraldo Alckmin no PSB, seja no estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, em outras regiões consideradas estratégicas para os socialistas, a vinda do líder tucano representaria avanços nas neociações de alianças com outros partidos, à exemplo do PT.
Em Pernambuco, assim como em outros estados, o PSB já iniciou um processo de consultas para tratar desse tema específico, mas a leitura é de que se Alckmin migrar para o partido e, for indicado para compor a vice em uma eventual chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT deverá cravar apoio ao candidato a governador a ser indicado pelos socialistas.
“A nível nacional, a filiação de Alckmin fará com que o PSB passe a ter um protagonismo na disputa política, porque ele passa a ser um dos atores principais do cenário nacional. O partido abriu uma consulta aqui para tratar dessa questão da filiação. Não tem o resultado formal, mas tem um caminho”, revelou um parlamentar socialista, sob reserva.
Essa não seria a primeira vez que o PSB abrigaria uma liderança em prol da aproximação com Lula. O deputado federal Marcelo Freixo, antes filiado ao PSOL, e o governador do Maranhão, que era filiado do PCdoB, migraram para a legenda socialista após acordo com ex-presidente. Ambos apoiam publicamente a pré-candidatura de Lula.
Se por um lado, lideranças do PSB têm afirmado que o clima de ansiedade pela definição de Alckmin aumentou com o adiamento da escolha de quem será o presidenciável pelo PSDB, em 2022 - disputada pelos governadores João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e o ex-prefeito Arthur Virgílio -, por outro há quem desconsidere essa “pressa”, ao menos em Pernambuco, segundo fontes ouvidas pelo JC.
“Essa possibilidade (de filiação) está sendo capitaneada pelo ex-governador Márcio França, mas ela não vai ser definida agora. Não foi um desejo do partido, mas um movimento que foi colocado e que está sendo analisado, assim como várias alternativas de cenários. Até o final deste ano haverão muitas conversas”, declarou outra fonte socialista, também sob reserva.
Encontro
No dia 18 de novembro, conforme informações da Folha de São Paulo, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, convocou dirigentes para discutir essa possível filiação e indicação para compor a vice na corrida presidencial em 2022. Eles fazem parte de um núcleo do partido, formado para tratar de temas que precisam de uma resolução célere.
Estiveram presentes no encontro realizado em Brasília: o vice-presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Paulo Câmara; o prefeito do Recife, João Campos; o ex-governador de São Paulo, Márcio França; o ex-deputado e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque; o ex-governador Rodrigo Rollemberg; o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. O ex-prefeito do Recife Geraldo Julio, faz parte deste núcleo específico, mas não estava presente nessa reunião.
As discussões giraram em torno de uma construção nacional para o ano que vem, por entenderem que é necessário a ampliação de uma frente que possa derrotar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que não se concentra exclusivamente no campo da esquerda. A boa relação que Geraldo Alckmin mantém com o PSB, desde que o ex-governador Eduardo Campos presidiu o partido, foi colocada como um fator positivo. Tanto o governador Paulo Câmara quanto o prefeito João Campos, não possuem resistência caso a filiação seja concretizada.
“Eles veem essa possível filiação de Alckmin com bons olhos, por ele possuir uma relação cordial e fraterna com o PSB. Não existe obstáculo que impeça esse movimento, mas se houver, eles certamente são superáveis”, declarou um parlamentar socialista, ressaltando que a vinda do ex-governador de São Paulo, não se daria por uma imposição de outros partidos e tampouco dependerá do resultado das prévias do PSDB.
“Se ele vier não será na condição de uma liderança importante para o país e que vem para ajudar. Além disso, ele não tem mais ambiente para estar no PSDB. Mas essa não é uma decisão que ocorrerá nas próximas semanas, existe um processo para ser concluído, talvez em janeiro”, completou.