Podendo entrar no PSB e ser vice de Lula, Alckmin é elogiado por João Campos: ''muito decente''
João Campos falou sobre Alckmin, mas reforçou que o PSB só deve acelerar o debate sobre eleição em 2022
Prefeito do Recife e vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB, João Campos foi evasivo ao tratar da possível filiação do ex-governador Geraldo Alckmin ao seu partido.
De saída do PSDB, Alckmin vem tendo o nome especulado como vice de Lula (PT) na chapa presidencial em 2022. O ex-presidente já disse que aguarda a definição do novo partido de Alckmin para avançar nas negociações.
Alckmin fez novos acenos a uma aliança com Lula durante conversa a portas fechadas com presidentes de centrais sindicais, que defendem a aliança. O tucano negocia filiação com o PSB, de João Campos e Paulo Câmara, e também com o PSD e União Brasil.
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"O nosso foco tem ficado restrito a questões administrativas, sobretudo ao enfrentamento da pandemia (de covid-19). Naturalmente, no próximo ano com eleição o debate será acelerado, será mais acalorado. A decisão do PSB em torno das eleições será no próximo ano", disse João Campos em entrevista à Globo News.
Geraldo Alckmin tem sido cortejado por petistas para dar um caráter ideológico mais amplo à candidatura Lula, sinalizando ao centro e valorizando a responsabilidade fiscal no histórico de Alckmin como gestor.
João Campos, por sua vez, elogiou a trajetória do tucano. "Manifesto meu respeito pelo ex-governador Alckmin. É uma pessoa que em cima da sua trajetória há uma marca de correção muito forte, muito decente. Então, externo meu respeito por ele e nosso partido participa de discussões internas, mas ainda em ritmo distante de pré-eleitoral", disse o pessebista.
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Lula e Alckmin
Sobre Alckmin, Lula disse durante entrevista para a rádio Gaúcha FM, nesta terça-feira (30), ter tido "uma extraordinária relação" durante o seu governo. "Ele está definindo qual será seu partido político e nós estamos no processo de conversar. Vamos ver se é possível construir uma aliança política. Mas é o seguinte: eu quero construir uma chapa para ganhar as eleições", disse Lula.
Lula voltou a afirmar que ainda não bateu o martelo sobre sua candidatura à Presidência, embora tenha assumido uma agenda claramente pré-eleitoral, de costuras regionais. Se eleito, disse, vai rever a política de paridade de preços da Petrobras para tentar controlar a inflação, tema usado pelo petista como munição contra o presidente Jair Bolsonaro.
Na visão de João Campos, o Brasil não deve ficar discutindo nomes para a eleição e sim "um projeto de país". "A gente tem de entender o que quer para o Brasil. Sou jovem e o Brasil tem uma janela demográfica de oportunidade, mas é curta. Veremos a pirâmide etária invertida no País, com mais pessoas idosas do que com capacidade produtiva. Será um desafio", disse.
Federações
João Campos ainda foi questionado sobre a articulação do PT para a formação de uma federação partidária com PSB e PCdoB no Congresso Nacional. Para os defensores do modelo, essa união poderia garantir maior bancada na Câmara dos Deputados à esquerda. Com a formação da federação, a bancada de esquerda teria 92 deputados.
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"O instrumento da federação é novo, os partidos não conhecem o efeito das possíveis federações. É roteiro a ser desenhado. Vamos conversar com demais partidos do campo progressista pelos próximos meses, mas não temos cenário definido. A diretriz é começar o diálogo com esses partidos, mas sobretudo com partidos que tenham quantitativo de bancada inferior a o que já temos", disse João.