Ciro Gomes e seu irmão, Cid, são alvos de operação da PF contra desvios em obras do Castelão
Ao todo, 80 policiais cumprem 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal
O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) e o irmão dele, o ex-governador do Ceará e senador Cid Gomes (PDT) estão entre os alvos de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira (15). A ação, batizada de "Colosseum", mira suspeitos de desvios de recursos públicos nas obras do estádio Castelão, em Fortaleza, no Ceará, entre os anos de 2010 e 2013. Lúcio Gomes, outro irmão da família, também sofreu busca e apreensão.
Segundo a PF, os investigados são suspeito de montar suposto esquema de fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio.
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Ao todo, 80 policiais cumprem 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela 32ª Vara da Justiça Federal, em endereços nas cidades de Fortaleza (CE), Meruoca (CE), Juazeiro do Norte (CE), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). As buscas têm como objetivo apreender mídias digitais, aparelhos celulares e documentos.
Dois advogados que ocuparam o cargo de Procurador-Geral do Estado do Ceará também foram alvos da operação. Eles são suspeitos de atuar no processo licitatório e promover uma blindagem aos políticos.
Os pagamentos de propina, diz a polícia, eram feitos em espécie tanto em um escritório de advocacia quanto na residência de um dos advogados investigados. A apuração da PF contou com delações premiada de executivos da Galvão Engenharia.
As investigações
As investigações que deram origem à operação tiveram início em 2017, quando foram identificados indícios de esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo Governo do Estado do Ceará ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão.
De acordo com a PF, apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.
Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva.
O que dizem os alvos
Por meio das redes sociais, Ciro se pronunciou sobre a operação. O ex-governador do Ceará disse que até a manhã desta terça acreditava que o Brasil era uma democracia, mas mudou de opinião. Ele afirmou ainda que ninguém iria calar sua voz (confira a íntegra da nota abaixo).
"Até esta manhã eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático.
Mas depois da Policia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.
O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014.
Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo.
Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou.
Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção.
Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pre-candidatura à presidência da republica. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018.
O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim.
Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita.
Nuca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei.
Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão.
NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ"
O senador Cid Gomes não se manifestou até a última atualização desta reportagem.