Um rosto feminino, com sotaque do Mato Grosso do Sul, será a tão especulada terceira via na disputa pela Presidência da República nas Eleições 2022. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi o nome de consenso numa aliança formada por MDB, PSDB e Cidadania. Com uma atuação de destaque no Congresso, embora ainda seja pouco conhecida pela população brasileira, Simone é uma alternativa ao eleitor que não se interessa pelo confronto Lula-Bolsonaro. Nesta quinta (9), o PSDB aprovou a aliança com o MDB e o Cidadania e foi anunciado o nome do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como vice-presidente na chapa.
- Saiba quem é Simone Tebet, primeira mulher a entrar na disputa pela Presidência da República em 2022
O lançamento da chapa foi comemorado depois de muito vaivém dos partidos identificados como terceira via para escolher um candidato único à Presidência, que fizesse frente à polarização Lula-Bolsonaro. Vários nomes queriam disputar a cabeça da chapa. Simone Tebet era considada um nome com grandes chances, mas sua candidatura ganhou ainda mais força com a desistência do ex-governador João Doria (PSDB).
Com alto índice de rejeição, Dória não decolava nas pesquisas e a manutenção acabou provocando dissidências no partido. O resultado foi a retirada da candidatura própria do PSDB. O apoio da sigla tucana à emedebista representa um movimento histórico, já que pela primeira vez, desde 1989, o PSDB não lançará candidato próprio à Presidência.
Na avaliação do professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, o cientista político Ricardo Ismael, a aliança entre MDB, PSDB e Cidadania é um fato novo que deverá ter repercussão positiva nas Eleições 2022, mexendo com o cenário atual de polarização. Ele comenta sobre o perfil da candidatura de Tebet e Jereissati.
"É uma aliança que traz dois partidos importantes no processo de redemocratização do País, principalmente a partir da Constituição de 1988. O PDSB inclusive ocupando por duas vezes a Presidência da República, o MDB ocupando quando houve o impeachment da Dilma e o Temer foi alçado à condição de presidente. E o MDB sempre teve um papel relevante no Congresso Nacional. São dois partidos que têm capilaridade nacional, que têm história e certamente não pode ser ignorada esta aliança entre Tebet e Jereissati", observa.
Simone Tebet fala a mulheres e insatisfeitos
"A eleição deste ano até agora estava marcada pela polarização política entre Lula e Bolsonaro e pelas desistências de Sérgio Moro e João Dória. Agora você tem um fato novo, que é uma senadora bem avaliada com seu trabalho no Congresso e que se coloca nessa corrida presidencial. Por ser mulher, tem um fato também importante, uma vez que a maioria do eleitorado brasileiro é feminino (52,8%). Existe, portanto, uma chance dela falar a essas mulheres e também àqueles que estão insatisfeitos na sua opção por Lula ou por Bolsonaro. As pesquisas mostram que muitas pessoas gostariam que tivesse uma outra opção", pontua Ismael.
O surgimento de uma terceira via também poderá forçar a condução das Eleições 2022 pautada nas propostas. O cientista politico da PUC-Rj, Ricardo Ismael, orienta que o eleitor preste atenção às propostas antes de sair dando voto a este ou aquele candidato.
"Pouco a pouco a candidata também vai trazer suas propostas e isso será um aspecto importante porque obrigará a Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes a colocar a público suas propostas. Não é possível que a eleição seja apenas a questão do voto. Isso seria um cheque em branco, seja para a continuidade de Bolsonaro ou a volta do antigo programa do PT", alerta.
A repercessão do lançamento da aliança para a candidatura de Tebet ainda será conhecida ao longo das próximas semanas, mas a expectativa do mercado é que ela possa levar as eleições ao segundo turno. Atualmente as pesquisas mostram que Lula (PT) venceria logo no primeiro turno. Mal a aliança Tebet-Jereissati foi lançada, um grupo de empresários apresentou apoio e prometeu ajudar a divulgar o nome da presidenciável pelo País. Com uma trajetória política consolidada e conhecido como um homem público de realizações, Jereissati terá peso importante na aliança. Além de capilaridade em todo o Brasil, ele também tem força no Nordeste, sua base política, onde Tebet é menos conhecida.
Saiba quem é Simone Tebet, primeira mulher a entrar na disputa pela Presidência da República em 2022
A pré-candidatura da parlamentar já tinha sido lançada em dezembro do ano passado, a novidade agora é a definição do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como vice-presidente na chapa, definida nesta quinta-feira (9)
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) é a primeira mulher a entrar na disputa pelo Palácio do Planalto nas eleições 2022. A pré-candidatura da parlamentar já tinha sido lançada em dezembro do ano passado, a novidade agora é a definição do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como vice-presidente na chapa, definida nesta quinta-feira (9). O apoio da sigla tucana à emedebista representa um movimento histórico, já que pela primeira vez, desde 1989, o PSDB não lançará candidato próprio à Presidência.
Mas quem é Simone Tebet e como ela ganhou notoriedade nacional para disputar o cargo mais importante do País?
Nascida no município de Três Lagoas, em 1970, no Mato Grosso do Sul, Simone Nassar Tebet é filha do casal Fairte Nassar e Ramez Tebet. Desde criança conviveu com a política na sala de casa, acompanhando a carreira do pai professor universitário, prefeito da sua cidade natal, deputado, governador e senador pelo Mato Grosso do Sul.
Precocemente, aos 16 anos, foi aprovada na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, uma das mais conceituadas do País. Depois de formada foi professora universitária de Direito Público e Administrativo por 12 anos em várias instituições. Também também atuou como consultora jurídica e foi diretora da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.
SIMONE TEBET PIONEIRA COMO MULHER
A atuação na vida pública começou em 2002, quando aos 31 anos foi eleita deputada estadual pelo seu Estado. Logo depois, em 2004, foi a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas. Quatro anos depois, em 2008, foi reeleita com 76% dos votos válidos.
E essa foi apenas a primeira vez em que Simone foi pioneira como mulher de alguma coisa em sua história na política. Em 2014, com uma votação de 52% dos votos válidos, foi a primeira senadora eleita pelo MS na história do Brasil.
No Senado Federal, liderou a primeira bancada feminina da história e tornou-se presidente da Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. Foi também a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça – CCJ, considerada a mais importante do Congresso Nacional, e a primeira mulher a disputar a presidência do Senado em 198 anos.
Atualmente, é tricampeã do Congresso em Foco, uma espécie de Oscar da política brasileira, na categoria júri especializado, e em 2021 também faturou a categoria Melhores do Senado do prêmio, com destaque para sua atuação na CPI da Pandemia. Além disso, está há cinco anos na lista do DIAP, conhecida como Cabeças do Congresso, que reconhece a atuação dos 100 mais influentes parlamentares do País.
Resta saber se todo esse capital político será capaz de fazer eco na polarização entre Lula e Bolsonaro e provocar mudanças na intenção de voto dos eleitores.
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