Eleições 2022

Entre os eleitores brasileiros, maior parte tem tendência de esquerda. Entenda por que mudou

O perfil ideológico dos brasileiros mudou recentemente em relação a comportamento, valores e economia, com uma parcela maior da população se identificando com a esquerda. O que teria provocado essa virda de pensamento?

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Adriana Guarda

Publicado em 13/06/2022 às 14:27 | Atualizado em 13/06/2022 às 16:17
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O que aconteceu com as convicções do eleitor brasileiro entre 2017 e 2022 para que ele migrasse para uma postura mais de esquerda ao longo desses anos? Uma Pesquisa Datafolha tentou responder, mostrando como o perfil ideológico mudou quando se trata de comportamento, valores e economia. Enquanto em 2017 havia uma divisão mais equilibrada entre esquerda e direita entre a população, agora quase metade dos brasileiros entrevistados se identificam com a linha política de esquerda (49%), 34% com a direita e 17% com o centro.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Protesto contra a nomeação de ex-presidente Lula na Avenida Boa Viagem, em Recife-PE 16/03/2016 - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Para chegar a esse resultado e definir uma classificação de esquerda e direita, o Datafolha consultou os brasileiros adultos sobre 17 temas diferentes, envolvendo valores sociais, políticos, culturais e econômicos. A  partir daí, os posicionou em duas escalas, de comportamento e pensamento econômico, dentro das quais os entrevistados foram segmentados em esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita. A união dos resultados dessas escalas resultou em uma escala geral de posicionamento ideológico, definida pela mesma segmentação.

A mudança de perfil em direção à esquerda comçou a ser observada em 2017, graças, principalmente, ao crescimento da taxa daqueles que se identificam mais à esquerda e à queda na taxa daqueles que se identificam como centro-direita. Em 2022, a parcela identificada com a esquerda alcançou o índice mais alto da série histórica (49%), iniciada em 2013. Antes essa participação era de 41% em 2017 e de 35% em 2014. 

Já no caso da direita, a parcela de brasileiros identificados com essa linha política recuou ao mais baixo patamar da série histórica, com taxa de  34% em 2022, quando já chegou a 40% em 2017 e 45% em 2014. A maior parcela de brasileiros identificados com a direita ocorreu em setembro de 2014, quando era de 45% ante 35% dos que se identificavam com a esquerda. Os que se identificavam com o centro também tiveram redução. Eles eram 20% em 2017 e 2014 e passaram para 17% este ano.  

Na esquerda, mais mulheres. Na direita, renda maior

Algumas peculiaridades aparecem quando se observam as características sócio demográfico da população. Se fôssemos traçar um perfil, a maioria dos eleitores identificados com a esquerda seria mulher, jovem (de 16 a 24 anos) e com maior grau de instrução. O perfil de direita seria de um homem, com idade acima de 60 anos e renda mensal superior e dez salários mínimos.  

De acordo com a pesquisa, o principal motivo da migração das pessoas da direita para a esquerda foi uma mudança no comportamento e nos valores. Nesses dois recortes, a parcela de brasileiros identificados com a esquerda cresceu e registrou o índice mais alto da série histórica (42%), enquanto em 2017 era de 31% em 2017 e em 2014 de 24%. Em sentido oposto, a parcela de direita recuou e alcançou o índice mais baixo da série (39%), quando em 2017 era de  47% e em 2014 de 55%. O centro político se mostra estável em 20%, enquanto em 2017 era de 22% e em 2014 de 21%.

A mudança acontece, ainda, no pensamento econômico, outra vez com migração à esquerda, mas menos acentuada do que no caso dos comportamentos e valores. Neste recorte, a parcela identificada com a esquerda cresceu e também registrou o índice mais alto da série (50%), enquanto em 2017 era de 44% e em 2014 de 43%. Já a parcela identificada com a direita encolheu e registrou a taxa mais baixa da série (25%), enquanto antes era de 28% em 2017 e de 30% em 2014. O grupo identificado com o centro político ficou estável novamente em 25% já que antes era 28% em 2017 e de 27% em 2014.

 

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