Bolsonaro quer CPI da Petrobras, mas Mourão diz que ''não vai nem andar''
Pressionado pelo ano eleitoral, Bolsonaro defendeu uma CPI da Petrobras após reajuste da gasolina
Vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos) não acredita que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras vá andar neste momento.
"Acho que não vai nem andar isso aí. Não tem nem tempo. Estamos aí em fase quase eleitoral", declarou o general da reserva a jornalistas no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira. "Acho difícil que uma CPI vá andar nesse momento", acrescentou.
Foi o próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) quem sugeriu a instalação de uma CPI da Petrobras por conta do aumento na gasolina e no diesel.
Uma possível CPI deve ser discutida nesta segunda em reunião de líderes convocada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na sexta (17), Bolsonaro sugeriu a criação da CPI no Congresso para investigar a atuação da empresa e investigar o aumento dos preços, chamado por ele de "inconcebível".
"A ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o Conselho Administrativo e fiscal. Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles", afirmou em entrevista a uma rádio em Natal, no Rio Grande do Norte.
"É inconcebível se conceder um reajuste, com combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo", seguiu Bolsonaro na entrevista.
O chefe do Executivo disse que a CPI é o caminho para "colocar a nu" e dar um "ponto final" no que chamou de "processo irracional" de aumento dos combustíveis.
Ele também voltou a atacar os lucros da estatal. "Ninguém consegue entender, algo estúpido, ela lucra seis vezes mais que a média das petrolíferas de todo o mundo. As petroleiras fora do Brasil reduziram sua margem de lucro."
Bolsonaro disse, ainda, que o presidente da Petrobras e o Conselho da empresa "traíram o povo brasileiro", ao anunciar o aumento nos preços.
Presidente da Petrobras deixa o cargo
Depois de o governo aumentar a pressão, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, pediu para deixar o cargo na manhã desta segunda-feira.
"A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora", informou a estatal em nota à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Coelho, indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para o cargo, tomou posse em 14 de abril e foi demitido no dia 23 de maio. A saída do cargo abre caminho para que o novo indicado pelo governo, Caio Paes de Andrade, tenha sua posse acelerada.