Cultura

'Vamos fazer uma revolução cultural neste País', diz Lula no Recife em encontro com artistas

Lula disse ter feito menos pela cultura do que gostaria em seus dois mandatos como presidente

Cássio Oliveira
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Cássio Oliveira
Publicado em 21/07/2022 às 15:17 | Atualizado em 21/07/2022 às 15:53
Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em encontro cultural no Recife - FOTO: Ricardo Stuckert/Divulgação
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um encontro com representantes do setor cultural no Recife, nesta quinta-feira (21), e defendeu a instalação de comissões estaduais para descentralizar o poder sobre a cultura no País.

De acordo com Lula, as tomadas de decisão sobre a cultura não podem partir, apenas, do eixo Sul/Sudeste. 

O encontro com Lula reuniu nomes como Mãe Beth de Oxum, Almério, Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles, Maciel Salú, Fred Zero Quatro, Tita Alves, do Circo Alves, Maestro Forró e Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Bione e outros artistas e produtores, além de políticos e apoiadores do ex-presidente. 

"Vim aqui para aprender. Quando somos candidatos, chamamos meia dúzia de pessoas bem dotadas de informação para montar um programa sobre economia, segurança, política agrícola e etc... Mas nem sempre a teoria colocada no papel é exequível na prática, quando precisa discutir prioridade de dinheiro, para quem se quer governar", iniciou Lula no evento que foi realizado no Teatro do Parque, no centro da capital pernambucana. 

Lula disse ter feito menos pela cultura do que gostaria em seus dois mandatos como presidente, mas destacou o trabalho realizado pelo seu então ministro Gilberto Gil. 

"Gilberto Gil foi um ministro competente, capaz de ouvir e dizer não. Eu queria colocar uma casa de cultura em cada município, uma megalomania. Não tinha como dar certo. E ele deu como resposta os pontos de cultura, algo mais eficaz, atingiu muita gente em pouco tempo."

Ministério da Cultura

Na ocasião, os participantes do ato cobraram a Lula que recrie, caso eleito, o Ministério da Cultura e ele deu esse indicativo. "Vamos qualificar melhor a questão cultural...O Ministério da Cultura precisa ser entendido não como gasto, mas como investimento e descoberta de pessoas extraordinárias, excepcionais desse País".

Atualmente, o Brasil conta com a Secretaria de Cultura, criada para substituir o Ministério da Cultura – extinto no início do governo Bolsonaro.

Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em encontro cultural no Recife - Ricardo Stuckert/Divulgação
Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em encontro cultural no Recife - Ricardo Stuckert/Divulgação
Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em encontro cultural no Recife - Ricardo Stuckert/Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro, inclusive, foi alvo de diversas críticas durante o ato, tanto pelos artistas participantes quanto pelo próprio Lula

"Nós precisamos fazer uma verdadeira revolução cultural nesse País, não é revolução para queimar livro, é dar mais livro, permitir acesso das nossas crianças, a possibilidade de se assistir um filme na escola, aprender música, tudo se aprende na escola, recriar o Ministério da Cultura e criar os comitês estaduais de cultura para que não haja monopólio no centro sul sobre o restante do território nacional".

De acordo com o pré-candidato a presidente pelo PT, o ministério deve cuidar da cultura construindo junto aos Estados a partir de conferências para decidir que tipo de política será colocada em prática.

De acordo com Lula, a cultura precisa, cada vez mais, ser enxergada como uma indústria que gera empregos. "É geração de mais riqueza nesse País, veio cantar um moço aqui com dois trabalhando com ele. Se for um show maior, mais chique, emprega ainda mais gente, isso significa emprego decente, de qualidade, que não precisa desmatar, não precisa invadir a Amazônia, o Pantanal, isso é óbvio, mas as pessoas querem inventar."

O petista disse que é preciso rever o papel da Caixa, BNDES, BNB para ter um estado com instrumentos suficientes para impulsionar o setor. "Não para mandar na cultura, não queremos isso. Quando define o que fazer é autoritário, estado precisa criar condições para liberdade total de vocês", disse Lula aos presentes.

Lula não detalhou suas propostas no ato, ele disse que não poderia falar "tudo" que vai fazer, caso eleito, pois muita coisa ainda precisa ser decidida pelo próprio setor cultural. Ele ainda defendeu tempo maior de TV para a programação local, com apresentações de artistas e notícias da região. 

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