Eles ainda não são obrigados a votar, mas decidiram participar das eleições 2022. Após um período de desânimo político, um número maior de jovens estará diante das urnas este ano. Desde a Constituição de 1988, foi estabelecido o voto facultativo para eleitores maiores de 16 anos e menores de 18.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que, após duas décadas em queda, voltou a crescer o interesse desta faixa etária, e o total de aptos a votar será recorde em 2022.
Pernambuco acompanha a tendência nacional e também terá mais jovens com menos de 18 anos votando este ano, na comparação com as eleições gerais de 2018. No Estado, o crescimento do eleitorado jovem foi bem superior ao geral.
Com um salto de 25% serão quase 30 mil eleitores de 16 e 17 anos a mais, passando de 88.342 para 118.185 entre 2018 e 2022. Já o avanço do eleitorado total foi de 7,6%, saindo de 6,5 milhões para 7 milhões de pessoas.
Estudante da escola técnica Cícero Dias, Safira Marques, de 16 anos, tirou o título de eleitor por iniciativa própria. "Decidi tirar o título para ter voz e ajudar o nosso País, que anda caindo tanto politicamente. O voto é a sua voz, é você lutar pelos seus direitos, é importante votar para vermos mudanças concretas", afirma, dizendo que conhece os candidatos na disputa deste ano e que já tem uma noção de em quem vai votar.
Vários fatores explicam o fenômeno do interesse dos jovens pelas Eleições 2022. Um deles foi a forma como a Justiça Eleitoral se comunicou com eles neste ano.
Em março realizou a Semana do Jovem Eleitor, explicando a importância de tirar o Título de Eleitor e facilitando a emissão do documento. Com a hashtag #RolêdasEleições conquistou um número grande de alistamentos.
Maria Vitória dos Santos, de 16 anos, conta que no começo não queria tirar o título de eleitor, mas mudou de ideia. "Pensei que precisava votar, porque um voto faz diferença. Minha mãe foi quem me incentivou a fazer meu título. Ela diz sempre que devemos voltar com a consciência limpa e tranquila da nossa escolha", destaca a estudante que, por enquanto, conhece apenas os candidatos à Presidência da República.
Além da campanha do TSE, o próprio cenário político de polaridade nacional pode ter influenciado na decisão.
A discussão sobre a eleição presidencial deste ano começou mais cedo, com dois candidatos — Lula (PT) e Bolsonaro (PL) — concentrando grande parte dos votos em pesquisas eleitorais. Isso também refletiu nas manifestações públicas de artistas, celebridades e influencers postando posicionamentos, pedindo o engajamento dos jovens no pleito eleitoral deste ano. E as estratégias funcionaram.
Personalidades como o cantor Zeca Pagodinho, a atriz Bruna Marquezine, a cantora Anitta e a vencedora do BBB 21 Juliette foram algumas das que incentivaram os eleitores jovens a tirar o título de eleitor.
Até celebridades internacionais como Leonardo DiCaprio fizeram apelo pela maior presença dos jovens nas eleições brasileiras.
A realidade política e econômica do Brasil se impõe sobre os jovens e eles conseguem perceber os desafios que o novo Presidente da República e os governadores terão pela frente.
Safira se preocupa com a inflação e com os problemas causados pela gestão do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), como o aumento da pobreza e a volta do Brasil ao Mapa da Fome da ONU.
"Acho que o principal desafio que o Presidente e o governador vão enfrentar na economia é a inflação, que vem causando aumentos de preços de bens e serviços. Também espero que consigam melhorar pelo menos um pouco todos os problemas causados pelo atual Presidente", diz.
A estudante Júlia Beatriz de Lima Fraga, de 17 anos, aposta em uma melhoria geral na segurança, educação e saúde. "Eu como cidadã espero que eles consertem o que precisa ser consertado, que tenham ideias inovadoras e que possam melhorar o País nas questões de saúde, segurança e educação", aposta.
Com o reforço da juventude, o Brasil terá a maior eleição geral da sua história em número de eleitores. Serão 156,4 milhões de brasileiros nas urnas no dia 2 de outubro, no maior exercício de cidadania que um país democrático pode realizar.