Antônio Lavareda: Lula contou a seu favor com duas coisas no Jornal Nacional; veja análise

Segundo o analista, comparando-se os candidatos entrevistados, Bolsonaro (PL) "teve um desempenho bom". Lula, "uma avaliação de desempenho ótimo"
Lucas Moraes
Publicado em 26/08/2022 às 19:47
TELEVISÃO Candidato à presidência falou, basicamente, sobre as acusações de corrupção, retomada da economia e polarização nas eleições Foto: MARCOS SERRA LIMA / O GLOBO TV / AFP


A entrevista que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu nessa quinta-feira (25) ao Jornal Nacional foi considerada “ótima” para o postulante ao cargo de presidente da República, na análise do cientista político e professor Antônio Lavareda. Distante da ideologia ou concordância com as propostas e dados apresentados pelo candidato, a avaliação de Lavareda é que Lula apresentou um ótimo discurso político, contando com dois trunfos ao seu favor.

“Ontem, assistimos a um ex- presidente Lula que se apresentou calmo e equilibrado. Apresentou conhecimento, bastante conhecimento das questões abordadas, coisa que Ciro Gomes (candidato pelo PDT) apresentou, até mais do que Bolsonaro demonstrou também”, apontou Lavareda.

Para o cientista político, o petista ainda contou com duas coisas a seus favor na sabatina: o volume de feitos apresentado e o carisma, que já era conhecido pelo eleitor mas não tinha espaço na TV há cerca de cinco anos.

“Lula contou a seu favor com duas coisa: volume de realizações e grandes números. Um volume impressionante de realizações e programas sociais. Essas são suas medalhas. E ao lado de tudo isso, some-se o carisma do candidato. De fato, quem não assistia Lula há muito tempo, pôde vê-lo por 40 minutos no JN com demonstração de vigor, lembrando que é o mais velho candidato nas eleições presidenciais, na história”, resumiu.

 

 

Lavareda analisou que Lula foi assertivo em relação aos questionamentos sobre a corrupção que envolveu o PT e o colocou no olho do furacão da Operação Lava Jato.

“Talvez, eu coloco isso como hipótese, talvez não fosse muito proveitoso para o Lula se colocar na televisão - lembrando essa importância quase histórica da presença dele no principal telejornal no País, depois de muitos anos de críticas sistemáticas e ataques negativos exatamente ali no púlpito onde se encontrava -chegar ali e dizer: ‘olha vocês têm razão’. Do ponto de vista eleitoral, não faria o menor sentido”, explica.

Segundo o analista, comparando-se os candidatos entrevistados, Bolsonaro (PL) "teve um desempenho bom", Ciro Gomes (PDT) teve "um desempenho muito bom" e Lula (PT), pelo desempenho, mereceu "uma avaliação de desempenho ótimo".

Quando falo que ele teve desempenho ótimo, não tem nada a ver com concordância ou discordância. Eu falo da questão da comunicação política, do marketing eleitoral, diante de temas delicados, e a narrativa que ele desenvolveu".

A quem Lula falou na entrevista do JN


Lavareda ainda discorda de análises que apontam que Lula, na sabatina, falou para os indecisos.

“Eu quero dizer que nessa eleição, a essa altura, no meu entendimento, não há indeciso. Esses eleitores que, numa questão estimulada, ainda dizem que não sabem em quem votar, muito provavelmente não votarão. Vão se abster. Se comparecerem, vão votar branco ou nulo ou erráticamente decidir de última hora. Votam em Lula eleitores de esquerda, eleitores do centro e uma franja de eleitores de direita. Foram para esses eleitores de centro-direita que Lula falou ontem quando mencionou o nome de Alckmin (candidato a vice de Lula, pelo PSB) nove vezes”, afirmou.

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