Antônio Lavareda analisa possíveis falhas de pesquisas eleitorais dissonantes

Cientista político e sociólogo, Antônio Lavareda analisou o clima da corrida eleitoral no Brasil, levando em conta sua percepção acerca da campanha, os números dos recentes levantamentos do Paraná Pesquisas e Brasmarket, além da escolha de candidatos pela ausência em debates. Ele participou do programa Passando a limpo, que foi ao ar na Rádio Jornal nesta quarta-feira, 21 de setembro.

O radialista Geraldo Freire questionou Lavareda sobre o clima da campanha, afirmando sua percepção de que a disputa está maçante e cansando os eleitores. O sociólogo concordou com o comunicador, mas destacou a eleição presidencial como principal causa desse sentimento, pois começou mais cedo que as outras.

"Mal o presidente sentou na cadeira e ele mesmo já começou a falar em 2022. Daí vieram os pré-candidatos, naturalmente acompanhados pelas pesquisas. Os brasileiros já estão cansados da campanha muito longa", diz Lavareda.

O cientista político cita a pesquisa Ipespe do último sábado, na qual apontou-se que 68% dos eleitores entrevistados afirmaram seu desejo de a eleição ser encerrada no primeiro turno. Lavareda também comentou um texto assinado por João Carlos Paes Mendonça, presidente deste Jornal do Commercio, sobre a falta de interesse do eleitorado sobre candidatos ao legislativo.

"Nós temos um sistema eleitoral, uma regra para escolha de deputados federais, estaduais e senadores, com uma competição aberta entre todos os candidatos. (...) Esse sistema é ilógico, enfraquece partidos e torna a Câmara um espaço para 513 empreendedores individuais", diz Lavareda, lembrando brigas entre correligionários da mesma legenda por espaço.

Lavareda analisa levantamentos do Paraná Pesquisas e do Brasmarket

Antônio Lavareda também analisou as recentes pesquisas eleitorais divulgadas pelo Paraná Pesquisas e Brasmarket, que divulgaram resultados dissonantes dos demais levantamentos. O diretor do Ipespe levantou questionamentos sobre a metodologia dos institutos.

"A pesquisa Paraná não informa e não pergunta qual foi o voto das pessoas na eleição passada, o que não dá noção se a amostra tem viés político-ideológico. (...) Ainda que não se apreenda uma foto do comportamento eleitorado passado, é possível ver se a amostra está enviesada", disse Lavareda.

Ausência de candidatos nos debates

Lavareda aponta que a escolha pela ausência ou presença nos debates depende do cenário da disputa. Ele recorda as campanhas de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1994 e 1998, quando decidiu-se não expor o candidato ao embate.

Em 2006, o cientista político aponta que Lula (PT) se prejudicou ao não comparecer ao debate final, a poucos dias da eleição. "É preciso levar em conta a expectativa das pessoas. (...) O candidato que não comparece sempre tem algum prejuízo, se o debate tem uma grande audiência, como os da presidência prometem ter", diz.