LEGISLATIVO

"Não foi uma reunião para tirar retrato", diz Raquel Lyra sobre encontro com deputados estaduais

Para a governadora eleita o encontro foi importante visto que haverá a a necessidade de apresentação de projetos de lei para a Assembleia Legislativa, a exemplo da reforma administrativa e do programa Mães de Pernambuco

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 16/11/2022 às 19:48 | Atualizado em 17/11/2022 às 19:55
JANAÍNA PEPEU
Governadora eleita, Raquel Lyra se reúne com deputados estaduais e defende diálogo e união por Pernambuco - FOTO: JANAÍNA PEPEU
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“Não foi uma reunião para tirar retrato”. A afirmativa da governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), deu o tom sobre como foi a reunião com os 56 deputados e deputadas estaduais, da atual e da futura legislatura.

O encontro, que contou com a participação do presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Eriberto Medeiros (PSB), e da senadora eleita Teresa Leitão (PT), aconteceu em um hotel no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, nesta quarta-feira (16).

Para Raquel Lyra, o momento serviu para destacar que os palanques foram desmontados a partir do resultado das eleições do segundo turno, que garantiram a ela e à vice-governadora eleita Priscila Krause (Cidadania), a vitória nas urnas.

“Essa é uma reunião de aproximação, tendo como base o diálogo e a união em torno de um propósito só, que é fazer Pernambuco voltar a crescer com mais igualdade, sem deixar ninguém para trás", disse.

Assim como ocorreu durante a reunião com a bancada federal pernambucana em Brasília, na semana passada, onde elencou prioridades para o Estado que possam ser contempladas nas emendas individuais e coletivas, Raquel Lyra também destacou na reunião com parlamentares estaduais a necessidade de apresentação de projetos de lei importantes para o início do ano que vem.

A governadora eleita citou como exemplo, o programa Mães de Pernambuco, que foi uma das suas promessas de campanha. "Esse programa nós temos que tratar com urgência, pois consiste na transferência de renda para mães de crianças de 0 a 6 anos que estão em situação de pobreza", explicou.

Também será discutido o projeto de lei que trata da reforma administrativa do novo governo - que versa sobre estrutura - e a revisão orçamentária de 2023. Não está descartada a convocação dos deputados estaduais durante o recesso parlamentar, que será iniciado no dia 22 de dezembro, para que a matéria seja aprovada em janeiro, caso não tenha tempo hábil até o fim deste ano. 

Durante a coletiva de imprensa, Raquel Lyra evitou comentar sobre a composição do secretariado, e se haveria aumento ou diminuição das pastas em seu governo. “Nós vamos apresentar a reforma administrativa no tempo certo. Ainda estamos recebendo as informações [do Governo do Estado], e a partir do que temos hoje poderemos desenhar o futuro”, afirmou a ex-prefeita de Caruaru.

A proposta de modificação da estrutura do governo, para ser discutida e aprovada com celeridade, teria que ser enviada pelo governador Paulo Câmara (PSB) - é o Poder Executivo que detém essa prerrogativa - à Assembleia Legislativa.

A equipe de transição de Raquel já indicou que vai conversar com o atual governo para a construção dessa proposta. Caso a reforma não seja aprovada neste ano, Raquel Lyra teria que assumir com a estrutura existente para depois discutir as mudanças com o legislativo, o que fontes afirmam ser algo pouco provável de acontecer.

 


TRANSIÇÃO DO GOVERNO

A equipe de transição do governo sob coordenação da vice-governadora eleita Priscila Krause enviou até esta quarta-feira (16), 16 ofícios ao Governo do Estado, com pedidos de informações e dados.

Fontes do Palácio do Campo das Princesas, ouvidas pela reportagem, indicaram que as respostas começarão a ser enviadas a partir desta quinta-feira (17).

"Junto a Raquel, estamos abrindo as portas de um governo que se inicia e dizer que o nosso diálogo se dará de forma permanente. Estamos definindo a estrutura do governo para apresentar à Alepe, para que, a partir do dia 1° de janeiro, a gente possa, de fato e de direito, começar o trabalho para que fomos eleitas, realizando os compromissos com a nossa gente" declarou Priscila.

GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM
ENCONTRO DA GOVERNADORA ELEITA RAQUEL LYRA COM DEPUTADOS ESTADUAIS. - GABRIEL FERREIRA/ JC IMAGEM

DIÁLOGO

A iniciativa de Raquel Lyra em promover um encontro com os parlamentares estaduais durante o período de transição do governo foi considerada positiva, independente das questões partidárias.

A expectativa é de que a governadora eleita possa se reunir com os partidos, não só aqueles que estiveram no seu palanque, a partir de janeiro, para discutir como se dará o desenho da banca com relação a construção da base do governo na Assembleia Legislativa.

O PSDB elegeu apenas três deputados estaduais - Debora Almeida, Izaias Regis e Álvaro Porto -, mas conta com apoios importantes de partidos como o União Brasil, que elegeu quatro deputados, e o PP, que terá oito parlamentares em sua bancada.

“Raquel vai governar para todos os pernambucanos, chegou o momento de união e de desmontar palanques e lutar por dias melhores, principalmente pelas famílias em situação de vulnerabilidade”, destacou a deputada estadual e ex-candidata a vice na chapa do ex-prefeito Miguel Coelho (UB), Alessandra Vieira (UB).

Ela afirmou que dos cinco deputados eleitos pelo partido - Antônio Coelho, Chaparral, Romero Sales Filho e Romero - apenas a deputada estadual Socorro Pimentel, que apoiou Marília Arraes (SD), no segundo turno, ainda não definiu seu posicionamento na Alepe com relação a Raquel. Os demais vão apoiar o governo.

Janaína Pepeu
Governadora eleita, Raquel Lyra se reúne com deputados estaduais e defende diálogo e união por Pernambuco - Janaína Pepeu

O deputado estadual eleito Sileno Guedes, que é presidente do PSB de Pernambuco, afirmou que o gesto é importante, mas que não significa dizer que o partido não terá um posicionamento enquanto bancada.

“Foi um gesto muito importante da governadora eleita, mas isso não significa dizer também que o governo não terá uma posição com relação ao Governo do Estado. O PSB não está no governo, ele foi para a oposição e deverá discutir sobre isso”, disse Guedes, presente no encontro.

“Vamos ter uma reunião da bancada na semana que vem, em seguida reunião da executiva estadual, até porque no PSB não prevalece a vontade individual, mas de seus membros”, explicou o socialista.

“Achei positivo haja vista de que ela precisa de uma construção de base de parlamento. Tanto ela quanto Priscila, que vieram do parlamento, sabem a necessidade da construção de consensos, de uma maioria com ideias em debates e não com imposições. Ela não veio para tirar foto com ninguém e nem 'fulanizar' também, ela vai precisar da atual legislatura para fazer a reforma administrativa”, pontuou vice-líder do Governo, o deputado estadual reeleito Diogo Moraes (PSB).

A vereadora do Recife e deputada estadual eleita Dani Portela (PSOL) disse que entendeu o encontro como um espaço democrático com objetivo de ouvir e construir pontes de diálogos, mesmo entre campos opostos. O PSOL ainda vai discutir no conjunto da federação com a Rede, qual será o posicionamento diante do novo Governo do Estado.

“Se o objetivo é construir um Pernambuco melhor e enfrentar desigualdades, que também são de gênero e de raça, é salutar pontuar a importância de um futuro governo dialogar com um conjunto independente de ser ‘situação e oposição’. A construção democrática quando estabelece diálogos, tem que ser feito conjunto da sociedade e entendi que desmontar palanques é salutar nesse momento”, declarou Dani Portela.

 

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