FORÇAS ARMADAS: parlamentares criticam falta de clareza de notas das Forças Armadas e da Defesa

O Ministério da Defesa não citou a palavra "fraude" no relatório enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Mirella Araújo
Publicado em 11/11/2022 às 14:05
O deputado federal Marco Feliciano (PL) pediu que a Defesa "não fique em cima do muro" e "não brinque com os sentimentos" dos manifestantes pró-Bolsonaro Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


*Com informações do Estadão Conteúdo

As notas oficiais divulgadas pelo Ministério da Defesa e pelas Forças Armadas sobre o resultado das eleições não deixaram de repercutir no cenário político do país. Parlamentares fazem apelos para que as instituições adotem discurso mais claro, sob o argumento de que mensagens dúbias podem contribuir para inflar a população, que está indo às ruas para pedir intervenção militar. 

O Ministério da Defesa não cita a palavra "fraude" no relatório enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles também chegaram à mesma contagem de votos feita pela Corte, ou seja, atestou, na prática, o resultado das urnas, que elegeu o candidato à presidência do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas, em seguida, a pasta divulgou nota afirmando não ter comprovado, mas nem descartado a hipótese de inconfiabilidade do sistema de votação.

Em vídeo publicado nesta sexta-feira (11),  o deputado federal Marco Feliciano (PL) pediu que a Defesa "não fique em cima do muro" e "não brinque com os sentimentos" dos manifestantes pró-Bolsonaro, que nutrem esperanças sobre uma eventual confirmação de fraude.

"Por misericórdia, sejam mais explícitos em suas notas. (Peço) que o ministro da Defesa venha a público e diga com todas as letras o que encontraram nessas benditas urnas eletrônicas. Por favor, não prolonguem mais essa agonia, não brinquem com os sentimentos do povo brasileiro, que é ordeiro e patriota e está nas ruas protestando", afirmou o deputado.

Feliciano disse, ainda, que a investigação sugerida pela pasta ao TSE deve ter um prazo para começar, e que deve ser estabelecido se isso ocorrerá antes ou depois da posse de Lula. Contudo, o presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, afirmou nesta semana que esse assunto "já está encerrado faz tempo", ao ser questionado sobre a investigação.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP), que se afastou do presidente Bolsonaro durante a campanha eleitoral deste ano, afirmou ao Estadão que considera "irresponsável" o que ela chamou de "mensagens cifradas" da Defesa.

"Penso ser uma irresponsabilidade o Ministério da Defesa adotar uma postura ambígua. Se houve alguma irregularidade nesta eleição de 2022, que tenham coragem de apontar com clareza. Se não houve, que cessem as mensagens cifradas, que findam estimulando falsas esperanças na população infeliz com o resultado", disse.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou o fato de a nota das Forças Armadas divulgada nesta sexta-feira, 11, ter, segundo ele, minimizado o caráter inconstitucional das manifestações que pedem intervenção militar. "Isso (os atos) é balbúrdia, essas pessoas têm de ser punidas por pedir intervenção, isso é inconstitucional, é crime, e aqueles que aceitam isso também estão cometendo esse crime, estão sendo coniventes", afirmou, em entrevista ao portal UOL.

Já o deputado federal General Girão (PL-RN) elogiou a nota das Forças Armadas e afirmou que cabe à instituição "restabelecer a ordem e a harmonia entre os poderes". "Mesmo diante do momento de exceção que vivemos no Brasil, onde alguns ministros estão atropelando a Constituição e nossas garantias, a censura e o cerceamento da livre manifestação não deverão ser tolerados", escreveu.

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