Em sua passagem por Portugal, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfatizou que pretende reforçar a diplomacia na relação do Brasil com outros países. Durante sua fala à imprensa, o líder petista destacou, mesmo sem citar diretamente o nome do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que ele “fazia questão de não falar com ninguém, de não receber ninguém”. Lula também amenizou o tom das falas que têm gerado rusgas com o mercado.
“Fiquei muito emocionado quando no discurso da COP-27, no Egito, o povo gritava ‘o Brasil voltou’. E era muito marcante para mim porque fazia quatro anos que o Brasil estava isolado do mundo, nenhum país que sofreu um bloqueio nesses últimos 30 anos, teve um isolamento igual o Brasil teve por culpa do próprio governo”, afirmou Lula, acompanhado do primeiro-ministro António Costa, no Palacete de São Bento, em Lisboa.
Sobre o posicionamento do governo eleito em relação à política fiscal, que tem gerado diversas críticas por causa da PEC da Transição, que propõe um orçamento de R$ 200 bilhões, fora do teto, para o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600, Lula disse que “se a gente tiver que fazer uma dívida para construir um ativo novo, que a gente faça com responsabilidade, para que o país possa voltar a crescer”.
Ele também prometeu que todos os anos, durante os quatro anos de mandato, vai fazer o reajuste do salário mínimo e que essas mudanças serão realizadas de forma responsável “sem precisar atender tudo o que o sistema financeiro quer”.
A carona que o presidente eleito Lula pegou no jatinho do empresário José Seripieri Junior, para ir à COP-27, também foi questionada pelos jornalistas, durante a coletiva. Fundador e ex-presidente da administradora de planos de saúde Qualicorp, Seripieri foi preso em uma Operação da PF em junho de 2020, que apurava supostos pagamentos ilícitos à campanha do senador José Serra (PSDB). O empresário foi solto quatro dias depois.
Ao afirmar que já esperava que a pergunta fosse feita, Lula disse que foi convidado pelos governadores da Amazônia para ir à Conferência, mas os estados não poderiam arcar com sua despesa. Ele também chegou a ser convidado pelo presidente do Egito, mas ele também não pagaria esses custos da viagem.
“Eu tinha um amigo que queria ir à COP e ele tinha um avião e eu fui com ele. Um avião novo, de boa qualidade, com muita segurança, porque é importante lembrar que um presidente eleito tem que cuidar da sua segurança", explicou Lula.