A governadora eleita de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), se reuniu nesta quarta-feira (7), com 160 dos 184 prefeitos e prefeitas dos municípios pernambucanos. O encontro foi realizado em Caruaru, e a escolha do local não se deu apenas por ela ter sido prefeita da cidade, mas para deixar claro que em sua gestão “o governo estará mais próximo das administrações municipais”.
Em tom crítico ao atual governo Paulo Câmara (PSB), a ex-prefeita relatou que havia “um distanciamento gigante”, entre o Executivo estadual e as prefeituras do interior do Estado. “Só chegava junto para tirar retrato. O que precisamos é avançar em diversas áreas, não só de infraestrutura, mas de assistência à saúde e educação”, disse Raquel Lyra, momentos antes de iniciar a reunião com os gestores.
A governadora eleita também falou sobre a nova estrutura do governo e que pretende fazer a nomeação de todo o secretariado no dia 1º de janeiro de 2023, quando assumir a gestão. “Nós vamos encaminhar para a Assembleia Legislativa, o projeto de lei que trata da nova estrutura do governo. Estamos discutindo nesse momento sobre como vamos dar visibilidade e como vamos organizar as secretarias de modo que possamos dar atenção necessária a temas que nos comprometemos com a nossa população”, declarou Raquel.
Entre estes temas, a líder tucana diz que é preciso dar mais ênfase aos recursos energéticos, aos recursos hídricos e a cooperação, o planejamento e apoio aos municípios. Mas, ela evitou dar detalhes sobre possíveis nomes para o primeiro e segundo escalão.
O que foi apenas destacado por Raquel Lyra é que a composição do governo vai priorizar a “competência técnica e a sensibilidade política”, indicando que muitos dos nomes que devem ser escolhidos, serão de quadros que já têm alguma relação de trabalho com ela.
O encontro com os prefeitos e prefeitas é uma sequência do processo de transição do governo, que já esteve reunido com os deputados estaduais e federais, nas semanas anteriores. Por isso, o principal recado dado por Raquel Lyra e pela sua vice-governadora eleita Priscila Krause (Cidadania), foi o de promover a união por Pernambuco.
“Não passamos por um momento fácil, o Brasil sofreu muito, mas Pernambuco sofreu mais. E sabemos bem que as respostas para as soluções aos problemas da população, batem à porta das prefeituras”, declarou.
A governadora eleita também fez questão de ressaltar que haverá outras oportunidades para dialogar com aqueles gestores que não puderam estar presente na reunião. Uma das ausências foi a do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que ligou para Raquel Lyra, nessa terça-feira (6), informando que tinha agendas já definidas e não conseguiria comparecer ao evento.
No entanto, João Campos se colocou à disposição da governadora eleita para se reunirem o mais breve possível. Entre os compromissos do gestor, estava a comemoração dos 15 anos do Programa Mãe Coruja.
A conversa com os prefeitos e prefeitas também serviu para apresentar o andamento do processo de transição do governo. Responsável pela coordenação da comissão, a vice-governadora eleita, Priscila Krause (Cidadania), pontuou alguns temas prioritários que estão sendo abordados nos últimos dias.
Estão sendo tratadas a situação da covid-19 no Estado, o planejamento para o ano letivo em fevereiro de 2023, e o suporte que será dado ao Carnaval no ano que vem - cuja reunião presencial ocorrerá na semana que vem com os setores do atual governo, conforme publicado pelo JC.
“A transição, por uma orientação da governadora, é administrativa com objetivo de trazer mais claramente o diagnóstico do que vemos, por dentro da gestão, o que levou Pernambuco a ter índices altos de desigualdade, desemprego e violência. A partir disso, vamos dar seguimento às ações que possam garantir a continuidade de serviços que a população precisa, logo no início do governo”, disse a deputada estadual.
Priscila e Raquel também pontuaram que o que tem chamado a atenção da equipe de transição são os atos administrativos do governo Paulo Câmara, feitos às vésperas do fim da gestão, a exemplo de contratos para obras estruturadoras e inexigibilidades de licitação, com um volume significativo de recursos, e que devem ter seu impacto no novo governo.
"Estamos olhando a situação do governo com muita preocupação. Priscila está liderando a equipe de transição e fazendo um trabalho maravilhoso, mas todos os dias chegam informações de novos gastos e acordos realizados pela atual gestão. Tudo feito às pressas, sem planejamento e, muitas vezes, sem priorizar o que é mais importante de fazer agora, neste momento. E isso é grave”, afirmou Raquel Lyra.