Do Estadão Conteúdo
Os atos de
vandalismo em Brasília, na noite de terça-feira, deixaram um rastro de destruição na região central da capital federal, com cinco ônibus e três carros incendiados, uma caminhonete do Corpo de Bombeiros apedrejada e uma delegacia de polícia atacada. Ninguém foi preso.
Segundo o secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, entre os manifestantes havia apoiadores de Jair Bolsonaro. Um grupo está acampado na frente do Quartel-General do Exército em protesto contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
A confusão começou após tentativa frustrada de invasão da sede da Polícia Federal, horas depois da diplomação de Lula. Os manifestantes pretendiam resgatar José Acácio Serere Xavante, líder indígena e apoiador de Bolsonaro, preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O secretário da SSP afirmou que uma parcela dos manifestantes estava no acampamento bolsonarista. "Quem for ali identificado será responsabilizado", disse Danilo. Ainda segundo ele, a permanência do grupo no QG será reavaliada.
Leniência?
Para o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima,
houve um "grau de leniência das autoridades". "Neste momento, seria muito importante que o procurador-geral da República (Augusto Aras) cobrasse de autoridades que ainda estão no cargo punições a essas pessoas que desrespeitam a ordem e a democracia", disse.
Na avaliação do coronel reformado da PM de São Paulo José Vicente da Silva, as ações são uma espécie de termômetro. "Será que esse grau de animosidade se revela em todo o Brasil? E mais: o que pode acontecer até o dia 1.º de janeiro, quando se espera reunir até 500 mil pessoas em Brasília?".
Indígena é conhecido por atacar Lula e Moraes
Estopim dos atos de vandalismo na noite de segunda em Brasília, o indígena José Acácio Serere Xavante tem percorrido a capital federal patrocinando protestos desde que Jair Bolsonaro perdeu a eleição. Em vídeo do dia 30 de novembro, gravado pelo Estadão na frente do Congresso Nacional, Serere Xavante diz que Lula não pode assumir a Presidência e ofende o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
Serere Xavante tem 42 anos e é pastor evangélico. Ele foi candidato à prefeitura de Campinápolis (MT) em 2020 pelo Patriota, mas não se elegeu. Em documento submetido à época ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se apresenta como missionário e líder da Terra Indígena Parabubure.
O indígena foi preso na segunda sob suspeita dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do estado democrático de direito. Depois de detido pela PF, fez com que se divulgasse vídeo dizendo que estava bem e pedindo que não houvesse "conflito ou briga".