PL deposita fichas em Bolsonaro e Michelle

Aliados do presidente do PL já disseram que o partido deve recorrer a doações para pagar o salário prometido a Bolsonaro e, assim, evitar injetar recursos públicos na conta do ex-presidente da República
Estadão Conteúdo
Publicado em 22/01/2023 às 4:00
Michelle Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda estão nos Estados Unidos Foto: Reprodução


O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro disse a ele que pretende retornar ao Brasil no fim deste mês. O ex-chefe do Executivo está nos Estados Unidos desde 30 de dezembro, quando, a três dias do fim de seu mandato, se recolheu em condomínio na região de Orlando, na Flórida.

Segundo o dirigente, a intenção do PL é manter Bolsonaro no partido como uma liderança destacada. "Quero, de qualquer forma, Bolsonaro aqui no Brasil, trabalhando e prestigiando o partido, indo aos nossos eventos, visitando as cidades. E, principalmente, a esposa dele, a dona Michelle (Bolsonaro). Michelle se revelou com um carisma impressionante. Com isso, nós queremos eles para que fortaleçam o nosso partido", declarou Valdemar, em entrevista à rádio CBN.

O novo cargo de Bolsonaro no PL - e um eventual para Michelle - vai gerar gastos para a sigla. O primeiro pagamento, porém, ainda não foi programado, uma vez que a legenda está com os recursos bloqueados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) depois de receber uma multa de quase R$ 23 milhões por tentar anular o segundo turno da eleição com acusações infundadas sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

Aliados do presidente do PL já disseram que o partido deve recorrer a doações para pagar o salário prometido a Bolsonaro e, assim, evitar injetar recursos públicos na conta do ex-presidente da República.

Valdemar também responsabilizou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pela invasão e depredação dos prédios dos três Poderes por bolsonaristas radicais, no dia 8 de janeiro, em Brasília. "A culpa de tudo isso é do governo atual. São eles quem mandam no Exército, nas polícias, e isso aconteceu. Não tinha policial suficiente para defender os prédios federais", disse.

"A responsabilidade é do ministro da Justiça (Flávio Dino), que fez uma portaria que dizia que a Força Nacional iria defender os blocos federais e não tinha um cidadão da Guarda Nacional lá. Ninguém incentivou nada. O silêncio de Bolsonaro vem desde a derrota nas eleições", afirmou o dirigente.

O presidente do PL ainda buscou minimizar o teor de uma minuta de decreto de estado de defesa apreendida na residência do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres durante operação da Polícia Federal. De acordo com o rascunho do documento, o objetivo era reverter o resultado da eleição presidencial de 2022. Segundo Valdemar, muitas pessoas enviaram relatórios com ideias ilegais para impedir a posse de Lula.

"Fiquei surpreso (com a minuta), lógico. Mas acontece que, além daquele documentos, vários outros circularam. Teve gente que me mandava proposta de qual lei ou artigo eu tinha que usar para não deixar o Lula assumir. As propostas vinham de todo lugar. Aquilo que acharam na casa do ex-ministro pode ter sido uma dessas", declarou Valdemar. "Eu tinha o cuidado de colocar no moedor quando recebia alguma proposta dessa."

Anteontem, Bolsonaro afirmou à Justiça Eleitoral que a minuta é documento "apócrifo". Segundo a defesa do ex-presidente, o papel "nunca deixou a residência privada de terceiros; não foi publicado ou publicizado, a não ser pelos órgãos de investigação; e não se tem notícia de qualquer providência de transposição do mundo do rascunho de papel para o da realidade fenomênica, ou seja, nunca extravasou o plano da cogitação".

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