CONSPIRAÇÃO GOLPISTA

PF intima Bolsonaro a depor sobre ordem para disparar fake news

Segundo a PF, foi encontrada uma suposta "ordem" de disseminação de fake news atribuída ao ex-chefe do Executivo

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Estadão Conteúdo

Publicado em 22/08/2023 às 21:46
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Em mais uma frente de investigação que atinge Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal intimou o ex-presidente a prestar depoimento no inquérito sobre conversas de teor golpista trocadas em um grupo de WhatsApp mantido por empresários alinhados ao ex-chefe do Executivo. O depoimento - o quinto de Bolsonaro este ano - está previsto para o dia 31 deste mês, mas a defesa pode pedir o adiamento da audiência enquanto reivindica acesso aos autos da investigação.

Anteontem, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou parte do inquérito sobre seis empresários que faziam parte do grupo "Empresários & Política". Já a apuração envolvendo outros dois participantes do grupo - Luciano Hang e Meyer Nigri - foi prorrogada por mais 60 dias sob a justificativa de que a PF havia identificado "vínculos" de Bolsonaro com Nigri.

Segundo a PF, foi encontrada uma suposta "ordem" de disseminação de fake news atribuída ao ex-chefe do Executivo, o que liga o caso ao inquérito das milícias digitais. Segundo os investigadores, tal relação teria a finalidade de "disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao estado democrático de direito", com uso do mesmo modo de agir das milícias digitais também alvo de investigação no Supremo.

"PR BOLSONARO 8"

A PF citou um diálogo mantido entre Nigri e o contato "Pr Bolsonaro 8" pouco antes de mensagens que falam em "golpe" serem enviadas no grupo dos empresários - o que motivou o inquérito. De acordo com os investigadores, o contato "Pr Bolsonaro 8" enviou a Nigri "mensagens com conteúdo não lastreado ou conhecidamente falso, atacando integrantes de instituições públicas, especialmente ministros do STF, desacreditando o processo eleitoral brasileiro".

Em seguida, o fundador da Tecnisa "publicou o conteúdo ilícito no grupo de WhatsApp "Empresários & Política", conforme a PF. Nigri ainda teria avisado o contato "Pr" de que uma das fake news, sobre fraude no sistema de votação, "foi repassada a vários grupos".

DEFESA

Em nota, a defesa de Meyer Nigri disse que o empresário recebeu "uma ou outra mensagem do presidente República e repassou para pouquíssimos grupos". "Ele não tem Facebook, não tem Instagram, não tem nenhuma plataforma de disseminação em massa de notícias ou mensagens, não é uma pessoa que tinha envolvimento com disseminação de fake news", afirmou o advogado Alberto Zacarias Toron, que defende Nigri.

A defesa de Nigri disse ter "absoluta certeza de que ele não praticou crime algum contra o estado democrático de direito". "O ministro quer aprofundar essas investigações e é bem-vindo esse aprofundamento. Não temos nada a esconder, ele continua à disposição das autoridades", declarou o advogado do empresário.

Procurada, a defesa de Bolsonaro não havia se manifestado até a publicação deste texto. A defesa do empresário Luciano Hang também não respondeu à reportagem. O inquérito envolvendo o dono da Havan foi estendido em razão de a perícia da PF ainda trabalhar na identificação da senhas do celular do empresário.

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