Com oposição esvaziada, Ricardo Salles fala em encerrar CPI do MST

Com a ajuda do Centrão, em meio à reforma ministerial, o Planalto conseguiu desidratar a oposição no colegiado
Estadão Conteúdo
Publicado em 10/08/2023 às 21:58
Ricardo Salles (PL-SP) acredita que próxima terça-feira pode ser o último dia dos trabalhos Foto: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL


Depois de o governo articular com o Centrão para minar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Sem Terra (MST), o colegiado pode antecipar seu relatório final e encerrar as atividades na semana que vem. Segundo relator da comissão, deputado Ricardo Salles (PL-SP), com a apresentação do documento, existe a possibilidade de a próxima terça-feira ser o último dia de trabalho da CPI.

Com a ajuda do Centrão, em meio à reforma ministerial, o Planalto conseguiu desidratar a oposição no colegiado, com a substituição de pelo menos oito parlamentares bolsonaristas. A negociação foi capitaneada pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE). Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma das principais apostas para constranger a gestão Lula.

SOBREVIVÊNCIA DA DISCUSSÃO

Salles, o presidente da comissão, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), e integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária buscam convencer líderes partidários a reverter as trocas para tentar dar uma sobrevida à CPI. Zucco recorreu ao presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), mas Salles já projeta o fim da comissão.

"Vamos fazer o relatório, deixar ele pronto para, eventualmente, apresentar na terça-feira depois do Stédile. Se assim for, a gente encerraria a CPI depois do Stédile", disse o relator, em referência ao depoimento do líder do MST, João Pedro Stédile, previsto para a próxima semana. Instalada em maio, a comissão precisa ser concluída até setembro.

ESVAZIAMENTO DA CPI

A sessão de ontem do colegiado foi uma amostra de como deve ser o trabalho da oposição - agora sem maioria na comissão. A audiência de quase seis horas com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, passou sem embates. Parlamentares chegaram a deixar a sessão, que terminou com cinco deputados presentes. Um dos substituídos, Coronel Meira (PL-PE) afirmou que a CPI foi alvo de um "ataque à democracia".

Já Teixeira aproveitou a audiência para criticar o acordo do Tribunal de Contas da União que suspendeu o programa de reforma agrária e afirmou que o governo retomará as demarcações de terras. "Ninguém quer conflito. Queremos paz no campo", declarou.

 

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