Questionado sobre a conduta do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos relatada na delação de Mauro Cid, o ministro da Defesa, José Múcio, disse ontem que "muita gente desejava não largar o poder" com a mudança de governo.
"Não sei se ele (Garnier) tinha aspirações golpistas, mas a gente via, os jornais falavam. Era outro governo, outros comandantes (da Marinha, do Exército e da Aeronáutica), outro presidente da República. Na verdade, a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder, largar o poder", afirmou Múcio.
'PLENITUDE DEMOCRATICA'
"Mas, no dia 1.º de janeiro, as Forças Armadas garantiram a posse do presidente e nós fomos vivendo a nossa plenitude democrática", declarou. O ministro também lembrou que não foi recebido por Garnier após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição presidencial. Em uma quebra de protocolo, o almirante não quis se reunir com o então novo titular da Defesa, além de não participar da cerimônia para passar o bastão a seu sucessor, Marcos Sampaio Olsen. "Ele não me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam", afirmou Múcio.
Sobre a possível convocação de Garnier pela CPMI do 8 de Janeiro, o ministro da Defesa negou qualquer constrangimento para a pasta.
"Eles são soberanos, o presidente e a relatora (da comissão) podem convocar quem quiser. Se for para esclarecer, eles têm toda a autoridade para fazer isso."