Foi como voltar no tempo. A plateia repleta de funcionários, à espera do presidente Lula, lembrou o período de implantação da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca. No ano em que a Rnest completa uma década de produção, a Petrobras anuncia a ampliação e conclusão da unidade de refino pernambucana. Pelas contas da estatal serão investidos entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões para entregar o empreendimento, que vai gerar 10 mil empregos diretos e outros 30 mil indiretos.
Na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira (18) para anunciar investimentos na retomada da Abreu e Lima, o tom dos discursos foi de manter a refinaria viva e fazer diferente na execução da obra.
Depois de receber US$ 18 bilhões em investimento e ser considerada a refinaria mais cara do mundo na época (para o seu porte), a unidade ficou pela metade. Com capacidade inicial para processar 230 mil barris de petróleo por dia, em uma década de operação a Rnest processa 100 mil bpd.
A Abreu e Lima foi impactada tanto pela operação Lava Jato, com a debandada de empreiteiras do canteiro de obras, e depois pelo interesse do ex-presidente Jair Bolsonaro de privatizar a refinaria. Em seus discursos, os petroleiros lembraram que precisaram resistir para que o empreendimento não fosse vendido.
EVITAR OS ERROS DO PASSADO
"Esse dia é muito importante para o Brasil, para a Petrobras, para Pernambuco, para o povo trabalhador brasileiro e, pessoalmente, para mim. Essa refinaria, quando estiver funcionando totalmente, vai faturar US$ 100 bilhões por ano”, disse Lula, emocionado.
O presidente lembrou-se da sua prisão, motivada pela Lava Jato, e solidarizou-se com os petroleiros. Em um discurso curto, o chefe do Executivo lembrou que, durante bastante tempo, os operários de macacão laranja (símbolo da Petrobras) eram chamados de ladrão, numa referência ao Petrolão. Ele recordou, ainda, que também foi chamado de ladrão em capas de revistas e jornais.
O presidente afirmou que a corrupção dentro da Petrobras deveria punir as pessoas e não a empresa. "O que não pode punir é a soberania do País e a da sua empresa mais importante, que é a Petrobras. Tudo o que aconteceu (a Lava Jato) foi uma macumunação de juízes e procuradores junto com os americanos que não queriam que a gente tivesse a Petrobras", afirmou.
CHAVEZ E O DINHEIRO QUE NUNCA CHEGOU
Durante seu discurso, Lula disse que muitas pessoas não conheciam a história da Refinaria Abreu e Lima e lembrou a parceria frustrada com a Venezuela. "Quando começaram as discussões para construir uma refinaria no Brasil, o governador de Pernambuco não era Eduardo Campos, era Jarbas Vasconcelos. Os Estados estavam interessados no negócio, mas eu disse que quem levava era quem trouxesse um parceiro com dinheiro", recorda.
Numa conversa com o então presidente da Venezuela, Hugo Chavez, Lula perguntou se ele não queria ser parceiro do Brasil em uma refinaria em Pernambuco. "Chavez era uma das pessoas mais entusiastas do mundo. Nunca dizia não, mesmo que depois não fizesse o que se comprometeu", contou, dizendo que a Petrobras e a PDVSA (companhia de petróleo venezuelana) eram como "duas noivas" muito bonitas, que não concordavam com o que o governo queria.
Depois de desistir de esperar por Chavez, a Petrobras resolveu fazer a refinaria sozinha. "Graças a Deus fizemos sozinhos, com nossos erros e acertos", destacou, dizendo que dessa vez não voltou para fazer o mesmo, voltou para fazer mais.
ESPERANÇA PARA OS TRABALHADORES
Durante o evento, a Petrobras exibiu vídeos de trabalhadores comentando a importância da refinaria nas suas cida. Lula aproveitou para sugerir ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates que faça uma busca pelos profissionais que já trabalharam na refinaria.
"Olha cara (Prates), descubra cada funcionário que passou por aqui e traga ele de volta pra cá. Ninguém solta a mão de ninguém e ninguém deixa um companheiro para trás", observou.