RACHADINHA

Ex-assessor de Janones diz à PF que estava bêbado quando falou de supostos repasses

Assessor nega prática de rachadinha

Cadastrado por

Estadão Conteúdo

Publicado em 31/01/2024 às 14:25
Acusação de rachadinha no gabinete de André Janones ganha investigação do Ministério Público após solicitação de Deltan Dallagnol
Acusação de rachadinha no gabinete de André Janones ganha investigação do Ministério Público após solicitação de Deltan Dallagnol - Tomaz Silva/ Agência Silva

Um dos assessores do deputado federal André Janones (Avante-MG), investigado por suspeita de praticar "rachadinha" em seu gabinete, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que estava bêbado quando, em conversas gravadas com colega, declarou devolver parte do salário ao deputado.

O diálogo ao qual Alisson Alves Camargos, ex-assessor de Janones, se refere foi com Fabrício Ferreiro de Oliveira, outro ex-funcionário do gabinete. Os dois conversavam sobre quanto de seus salários cada um supostamente devolvia ao deputado.

"Mas é quase 5 conto que eu passo pra eles, Fabrício. Eu tiro 9 mil... Nem 9 mil eu não tô tirando. 9 mil, assim, no papel, entendeu? É, não é fácil não, Fabrício", disse Alisson no áudio, que faz parte do inquérito da PF.

Alisson pergunta a Fabrício, autor da gravação, se a conversa está sendo gravada, mas o colega desconversa.

DEPOIMENTO

Em depoimento à PF, no entanto, o assessor gravado por Fabrício negou a prática e disse que estava bêbado no momento da conversa. Alisson afirmou em depoimento que teria dito isso para "despistar" o colega, que supostamente lhe pedia dinheiro emprestado com frequência.

O advogado dos assessores, Flávio Roberto Silva, afirmou ao Estadão que a conversa se tratou de uma "brincadeira de mau gosto" interpretada como indício de crime, mas que, na verdade, foi feita com o intuito de que o colega acreditasse que ambos recebiam o mesmo salário.

O inquérito da PF foi instaurado em dezembro de 2023, atendendo a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que indica que as condutas podem ser criminosas. O deputado e os assessores podem responder pelos crimes de associação criminosa, peculato, concussão e continuidade delitiva.

PF PEDE QUEBRA DOS SIGILOS BANCÁRIOS 

Nesta terça-feira, dia 30, a PF pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Janones, que tem reiterado que a investigação do caso pelas autoridades competentes é o único caminho para provar que é inocente.

Leia Também

Os assessores disseram que a gravação está descontextualizada e negaram a devolução dos salários, mas a Polícia Federal viu "inconsistências" e "contradições" nos depoimentos, o que requer o aprofundamento das investigações, e, portanto, pediu a quebra de sigilo de todos.

Em sua conta no X (antigo Twitter), o deputado afirma que a quebra do sigilo "causou estranheza", uma vez que ele próprio teria se colocado à disposição das autoridades.

Ele afirma que segue "absolutamente confiante" que será absolvido, aproveitando para cutucar a família de Jair Bolsonaro, seu maior desafeto político. "Eu não devo, quem deve são os bolsonaros, que recorreram até a última instância pra não terem seus sigilos quebrados, e até hoje não justificaram como conseguiram comprar 70 imóveis em dinheiro vivo."

 

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS