O Consórcio Nordeste, que reúne todos os governadores da região, divulgou nota de solidariedade à governadora Raquel Lyra (PSDB), que foi alvo de críticas e de uma palavra de baixo calão ditas por seu correligionário e presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), na última quinta-feira (1º).
Segundo a nota, "a política brasileira é, tradicionalmente, um território machista, masculino e de misoginia. A maioria dos parlamentares são homens e os modos de fazer política inspiram-se em valores como força e agressividade".
E continua: "a declaração feita por um parlamentar pernambucano contra a governadora Raquel Lyra é inaceitável. O patriarcado não pode ser naturalizado. Todos temos o dever de combatê-lo duramente em todas as dimensões de nossas vidas, inclusive nos espaços institucionais de poder".
A nota reforça que o Brasil conta com apenas duas governadoras, ambas de estados nordestinos. "Isso é um indicativo do avanço de nossa região nessa luta permanente contra a violência política à qual as mulheres estão expostas."
O Consórcio Nordeste atualmente é presidido pela governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
RAQUEL SE PRONUNCIOU SOBRE O CASO
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, na sexta-feira (2), Raquel Lyra se pronunciou sobre os comentários feitos por Álvaro Porto, após o discurso dela na cerimônia de retomada das atividades da Casa Legislativa.
Raquel destacou que estava na solenidade para deixar uma mensagem para os parlamentares, fazendo um balanço do ano anterior e expondo perspectivas para segundo ano de mandato.
"Decidi pessoalmente participar. Eu fui deputada estadual por dois mandatos e tem diferença quando há presença do líder do Poder Executivo para falar com os deputados e deputadas. Ontem, eu estive com todo o secretariado, todo o time do governo na Assembleia, justamente para falar do nosso respeito com a Casa", disse.
"O fato de eu estar aqui com Priscila Krause, a vice-governadora, pela primeira vez na história, uma dupla de mulheres governando um Estado, já é por si só um ato de resistência. Sempre falamos sobre violência política e quando ela acontece muitas vezes de maneira geral se tenta colocar panos mornos. Isso já não é mais aceitável", afirmou a tucana.
ÁUDIO DO PRESIDENTE DA ALEPE VAZOU EM TRANSMISSÃO
Com o microfone ainda aberto após a sessão que contou com participação de Raquel Lyra, Porto criticou a governadora do PSDB, usando uma palavra de baixo calão para classificar o discurso. "E o discurso dela, eu entendi nada. Conversou merda demais e não disse nada", afirmou.
O presidente da Alepe divulgou uma nota de esclarecimento na noite da quinta-feira. No texto, ele afirmou que "usou uma expressão não condizente com o contexto e local ao avaliar o discurso da governadora Raquel Lyra após a sessão de abertura dos trabalhos legislativos de 2024".
"Todavia, mesmo admitindo que não deveria ter usado a palavra que usou, reafirmo que considero o teor do discurso desconectado com a realidade vivida em Pernambuco. E acrescenta que sua reação é fruto de indignação em relação à falta de resultados do governo em questões sérias como saúde e segurança, por exemplo", disse trecho da nota.