No dia 30 de abril, a federação PSOL-Rede deve definir o nome que deve representar o grupo nas eleições municipais do Recife.
A definição deve ser entre a deputada estadual Dani Portela (PSOL) e o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede).
Em encontro, na última segunda-feira (15), a federação deu início ao processo e foi confirmado que as únicas pré-candidaturas inscritas no prazo estabelecido foram as de Dani, para prefeita, e Alice Gabino (REDE), como vice-prefeita.
Entretanto, foi acordado um prazo até o dia 25 de abril para que Túlio Gadêlha apresente o seu documento político e, assim, se torne apto a participar do debate para definição da vaga.
Em entrevista ao Jornal do Commercio, Dani Portela falou sobre as movimentações na federação, os desafios e apresentou seu ponto de vista sobre a situação.
Segundo a parlamentar, a federação funciona como um casamento.
"A federação foi um instrumento importante. Pensando justamente como esses partidos poderiam conjuntamente se fortalecer. Eu acho que é um instrumento importante e que o PSOL, ele escolhe, apesar do PSOL não estar correndo o risco de não ter ultrapassado a causa da barreira, decidiu se federar com a Rede de Sustentabilidade, que é um partido muito sério", afirmou Dani.
"O PSOL também é um partido popular, partido socialista popular, de esquerda, feminista, anti-LGBTfóbico, mas também é um partido ecossocialista. Então, a gente tem muitas pautas similares com a Rede", continuou.
Dani destaca que a federação foi fundamental para reeleição de Túlio Gadêlha em 2022
Seguindo a linha de raciocínio do casamento entre partidos, Dani Portela explicou como a federação é importante em todo o país.
"Em vários locais a federação foi muito importante para o PSOL e em outros foi fundamental para a Rede", apontou a deputada.
Em meio a essa colocação a deputada destacou que a federação foi fundamental para reeleição de Gadêlha deputado federal.
"A Rede sozinha não teria reeleito Túlio. Ele não seria deputado federal hoje sem os votos do PSOL, especificamente sem os votos de uma mulher travesti, preta, chamada Robeyoncé. Então, foram os 80 mil votos de Robeyoncé que fizeram Túlio Gadêlha deputado federal. Por isso a federação foi fundamental para ele", disse Dani Portela.
A política relembrou que no Brasil inteiro a Rede elegeu apenas dois deputados federais: a ministra Marina Silva e o deputado Túlio Gadêlha.
"Tanto a ministra foi fundamental para a votação de Guilherme Bolos e ter sido o deputado da esquerda mais votado no país o que fez com que favorecesse que outras pessoas fossem puxadas para essa votação, como aqui a votação do PSOL, com Robeyoncé, elas foram fundamentais. Então, assim fortalece ambos os instrumentos", afirmou a deputada.
Desrespeito ao estatuto
De acordo com Dani Portela, o deputado Túlio Gadêlha não está respeitando as regras da federação.
"Estou falando especificamente do deputado Túlio Gadêlha que não representa a totalidade da Rede Sustentabilidade. Que tem desrespeitado alguns passos dessa federação, desse instrumento, dos estatutos, das regras. Então assim, essas regras elas não têm sido respeitadas nessa disputa", disse a parlamentar.
Ainda segundo a deputada, as coisas não pode ser de acordo com a vontade de cada um e sim ser uma construção coletiva.
"Dois partidos políticos que em época de eleição funcionam como partido único, que estão federados e existem regras para que se sejam seguidas", destacou.
Dani Portela afirma que está sofrendo violência política de gênero
A política enfatizou durante a conversa que toda a movimentação a cerca de sua pré-candidatura é percebida como um tipo de violência política, pois ela é a única mulher que se dispôs a ser pré-candidata para o pleito no Recife.
"Uma coisa que tem incomodado, sinceramente, e que eu acho isso de uma profunda violência política mesmo, eu identifico isso como violência política de gênero", afirmou Dani.
"Veja, é uma mulher que se colocou pré-candidata, ele tem todo o direito de ser pré-candidata pela Rede, como eu tenho todo o direito de ser pré-candidata pelo PSOL, e os dois partidos não podem escrever candidaturas separadas, isso vai ser interferido pela justiça. Vai ter que ter um candidato só, ou Dani ou Tulio. É necessário debater porque é importante para a gente ter uma mulher negra. A única mulher que se colocou pré-candidata até agora de todas as pré-candidaturas não tem nem uma mulher sendo cogitada nem para a vice", completou a parlamentar.
Túlio foi contra o posicionamento da federação nas eleições de 2022
Nas eleições de 2022, o PSOL declarou apoio no segundo turno a Marília Arraes (Solidariedade), para o governo de Pernambuco, e a Rede aprovou esse apoio, declarado assim o apoio da federação.
"A grande ruptura política da federação foi quando o Túlio individualmente declarou apoio a Raquel contrariando as decisões coletivas da federação", afirmou Dani Portela.
A política relatou ainda que tem receio que a candidatura do deputado federal "possa atuar como linha auxiliar do governo Raquel".
"Isso tem sido feito no interior. Montando chapa em várias cidades para levar para a base da governadora e a governadora como estratégia pode querer várias candidaturas. Túlio pode ser uma candidatura auxiliar a de Daniel", explicou.
Com isso, a deputada apontou que não acha conveniente que Túlio represente a federação por ele está na base governo.
"Eu não acho que uma pessoa que acompanha a governadora em todos os momentos seja a candidatura apresentada para nossa Federação, nós temos essa divergência. Eu não tenho nada pessoal contra o deputado muito pelo contrário, eu tenho uma divergência que é política", disse Dani.
'Eu só não vou ser a pré-candidata aprovada, se eu desistir', diz Dani Portela
A política explicou que deve existir o alinhamento de pensamentos dentro da federação sobre o que os dois partidos podem apresentar para o Recife e quais as alternativas que podem ser debatidas.
A deputada afirmou também que reconhece o desejo de Túlio em ser candidato a prefeito do Recife desde quando ele era filiado ao PDT.
"Ele chega na federação com esse mesmo desejo é um desejo que é legítimo ele pode ser pré-candidato pela Rede. O que ele não pode é não cumprir as regras e ficar colocando a minha pré-candidatura na dúvida, dizendo que isso será decidido nacionalmente, como se pudesse vir uma decisão de cima para baixo", disse a parlamentar.
"As chances de eu não ser a pré-candidata aprovada na federação, só existe se eu desistir de ser pré-candidata", continuou Dani Portela.