Após atrito com Valdemar, Gilson Machado garante permanência no PL e fala sobre 2026
Segundo lugar na eleição para prefeito do Recife, Gilson teve entrevero com o presidente do partido sobre repasse de recursos no período de campanha
Após um entrevero público ocorrido no período eleitoral com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal, Gilson Machado (PL) garantiu que vai permanecer filiado ao partido. A decisão do ex-ministro foi tomada por fidelidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que também integra a sigla.
O desgaste entre Gilson e o partido veio à tona no final da campanha do primeiro turno, após Valdemar Costa Neto dizer que não mandaria mais dinheiro para a campanha no Recife porque já dava como certa a vitória de João Campos (PSB). “Dinheiro não foi feito para queimar”, disparou o dirigente.
A declaração expôs um racha interno no diretório local do PL que já era de conhecimento no meio político. Vários candidatos do partido acusaram o presidente estadual da legenda, Anderson Ferreira, aliado de primeira hora de Valdemar, de não repassar recursos para suas campanhas e beneficiar pessoas ligadas ao grupo pessoal dele.
Segundo Gilson, o problema veio à tona após Bolsonaro se mostrar incomodado com que aconteceu. O ex-presidente teria ficado contrariado porque o partido não havia cumprido os repasses que teriam sido acertados.
“Ele [Bolsonaro] assinou um documento solicitando recurso, foi protocolado no partido. O único local em que Valdemar exigiu que Bolsonaro assinasse foi Pernambuco. E Valdemar não honrou”, contou o ex-ministro.
Questionado sobre como estaria sua relação com Valdemar e Anderson Ferreira após todo o imbróglio, Gilson não desenvolveu resposta, mas deixou claro que o clima não é bom: “não precisa estudar análise para saber”, disse.
Apesar disso, o sanfoneiro garantiu que segue no partido. “Eu estou no partido do presidente Bolsonaro, aguardando instruções. Continuo no PL por orientação de Bolsonaro”.
Gilson também contou que poderia ter disputado a eleição no Recife em outro partido, mas optou pela permanência no PL em fidelidade a Bolsonaro.
“Antes da eleição eu tive oportunidade de ir para outro partido devido a problemas inerentes ao partido aqui em Pernambuco. Não fui. Teria mais fundo partidário, mas continuei porque o presidente Bolsonaro pediu, por orientação dele”, contou Gilson.
A legenda citada por ele é o Partido Progressistas, de Eduardo da Fonte. Gilson e Dudu, presidente estadual do PP, tiveram reunião em Brasília para definir a migração dele ao partido, mas, como o ex-ministro contou, isso não aconteceu.
Futuro
Neste segundo turno, Gilson Machado fará viagens junto a Bolsonaro buscar votos de candidatos do PL em cidades consideradas estratégicas, em especial no Nordeste. “Vou ajudar a ganhar o voto nordestino. Sou uma pessoa com quem o nordestino se identifica, por tocar sanfona…”, contou.
Sobre o cenário político de 2026, Gilson disse que a direita precisa se unir, e que todo mundo precisa perder a vaidade para trabalhar "em cima de um projeto maior", que seria a eleição de Bolsonaro à presidência da República. O ex-presidente, como se sabe, está inelegível.
O ex-ministro não descartou a ideia de disputar o governo de Pernambuco em 2026, mas colocou a decisão novamente nas mãos de Bolsonaro. “Temos vários nomes no partido, mas quem vai escolher é o presidente. Ele vai escolher quem será para senador e governador. Eu sou de missão, eu não afrouxo. Mas a palavra final é dele”, disse.
Até lá, Gilson Machado seguirá empenhado em seus trabalhos pessoais, como sua pousada em Alagoas, suas emissoras de rádios e suas propriedades no Tocantins. Ele também já voltou a fazer shows com a banda de forró Brucelose. Na última sexta-feira (11), por exemplo, tocou na Festa do Abacaxi da cidade de Pombos, no Agreste de Pernambuco.
“Tenho 250 funcionários, vou cuidar do meu negócio, colocar podcasts nas minhas rádios Maragogi e Gravatá. Comprei um sistema novo de câmeras para fazer YouTube, aproveitar o que a tecnologia coloca à disposição da gente. Botar meu hotel pra moer, porque chegou o verão. Cuidar da minha agropecuária que tenho no Tocantins. Sou um trabalhador, batalhador, vim da lama”, finalizou Gilson.