Explosão em Brasília: ex-secretário de Segurança Pública classifica episódio como 'absolutamente intolerável"
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública, analisou a situação

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública, afirmou que explosão ocorrida na Praça dos Três Poderes, na noite da última quarta-feira (13), é intolerável e que é preciso uma revisão na segurança pública na região.
O ataque resultou na morte de um homem apontado como o autor das explosões, ocorridas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Houve falha grosseira e isso merece uma revisão das normas, de operação, de entendimento das agências de segurança", disse o Coronel.
José Vicente ainda classificou a situação como "absolutamente intolerável". "Isso repercute a fragilidade do sistema de segurança das autoridades e, também, das próprias instituições que são ameaçadas por todo seu simbolismo e sua história", reforçou.
Equipamentos e tecnologia
Apesar de todo um esquema de segurança, que, naturalmente, existe nessas regiões, o Coronel afirma que é preciso reforçar o esquema de regras emergenciais, com intuito de antecipar esses ocorridos. "É necessário estabelecer regras para as emergências que aparecem e quais os equipamentos, qual tecnologia, inclusive, ter mais atenção no sistema de tecnologia e vigilância das redes sociais".
"Além disso, nós temos um serviço de inteligência, porque não é uma questão só de vigilância objetiva. A vigilância efetiva, ela começa muito antes. Essa questão precisa ser levantada, todas essas agências precisariam estar sentadas, para fazer uma revisão, um plano de segurança para aquela região, um plano de medidas, de contingências", completou.
Relembre o acontecido
Um homem identificado como Francisco Wanderley Luiz, natural de Santa Catarina, realizou uma sequência de explosões, na noite da quarta-feira (13), e morreu ao ser atingido pelos próprios artefatos.
Ele transportava em seu carro diversos objetos explosivos. O veículo explodiu e ficou parcialmente destruído.
Momentos antes da explosão, o suspeito fez uma publicação nas redes sociais com ataques ao Supremo, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes das duas Casas do Congresso Nacional.
O homem foi candidato a vereador em 2020, pelo Partido Liberal (PL). Ele se lançou na disputa para a Câmara Municipal de Rio do Sul, município no interior de Santa Catarina, mas não foi eleito, tendo conseguido apenas 98 votos.
O que dizem as autoridades?
Em nota, a Polícia Civil do Distrito Federal confirmou a explosão e informou que deu início às investigações.
"A Polícia Civil do Distrito Federal informa que policiais da 5ª Delegacia de Polícia estão no local onde ocorreu a explosão de um artefato em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta quarta-feira (13). A PCDF já deu início às primeiras providências investigativas e a perícia foi acionada ao local".
O porta-voz da Polícia Militar do Distrito Federal, Raphael van der Broocke, disse ao Jornal Nacional, da TV Globo, que provavelmente há vínculo entre o carro que explodiu no estacionamento da Câmara dos Deputados e a pessoa que morreu após uma explosão em frente ao Supremo Tribunal Federal.
De acordo com Broocke, o corpo da vítima permaneceu no local porque a PMDF precisou realizar a varredura para averiguar se há risco de outros explosivos na região. "É necessário protocolo de segurança até que corpo seja removido", afirmou.
O Supremo Tribunal Federal (STF) disse em nota que os ministros foram retirados da sede da Corte em segurança após dois estrondos ao lado do prédio na praça dos Três Poderes. Os servidores também foram retirados "por medida de cautela".
Vice-presidente
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse no Azerbaijão, onde participa da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que as explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, ocorridas na noite dessa quarta-feira (13), são graves e devem ser apuradas com extremo rigor.
"Triste e grave. Triste pela perda de vida e grave por ser um atentado a uma instituição da República, a um poder da República, que deve ser apurado com extrema rapidez e extremo rigor. E é isso que acredito que os órgãos de segurança o farão", afirmou.
Ministro Alexandre de Moraes
O ministro disse que o fato da quarta-feira "não é isolado de contexto" e que "se iniciou lá atrás, quando gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra instituições".
De acordo com ele, "as pessoas acham que podem vir a Brasília e tentar explodir STF porque foram instigadas por pessoas com altos cargos a atacar".
"A pessoa tentou ingressar no Supremo, mas foi barrada pela segurança, que percebeu que tinha artefatos amarrados, e se dirigiu até a estátua da Justiça. A ideia era tentar ingressar e explodir dentro do próprio Supremo Tribunal Federal", frisou Moraes.