Em meio a discussões, Alepe instala principais comissões, mas adia eleições de presidentes
Deputados instalaram comissões de Constituição, de Finanças e de Orçamento, mas oposição apresentou recurso contestando convocações para reuniões

As instalações das três principais comissões da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), ocorridas nessa sexta-feira (14), foram marcada por embates entre deputados de situação e oposição e pelo adiamento das eleições para a presidência dos colegiados, remarcadas para o sábado (15).
As comissões em questão são de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), de Finanças e Orçamento e de Administração. Os grupos eram presididos por governistas, mas após a dissidência da bancada do União Brasil o governo perdeu maioria e deve ver as lideranças passarem para a oposição.
As reuniões foram convocadas pelo presidente da Casa em exercício, deputado Rodrigo Farias (PSB), e tiveram os editais publicados em edição extra do Diário Oficial do Legislativo, rodada na noite da última quinta-feira (13), junto aos nomes dos deputados que irão compor os colegiados.
Os governistas reclamaram da apressada convocação e alegaram que ela foi antirregimental, uma vez que as sessões poderiam ter sido marcadas para até cinco dias úteis após a indicação dos nomes, sem urgência. Eles acusam a oposição de fazer uma manobra para acelerar a eleição.
A líder do governo, Socorro Pimentel (UB), protocolou recurso pedindo a nulidade dos atos para as eleições das comissões. De acordo com a deputada, "não há justificativa" para a urgência na votação, destacando que a bancada governista observou "desrespeito à normatividade interna" da Casa.
"A convocação feita às pressas, ao apagar das luzes, surpreendendo a todos os deputados e deputadas. Claramente, os atos descumprem o Regimento Interno da Casa de Joaquim Nabuco. Não há justificativa para a urgência e observamos desrespeito à normatividade interna da Assembleia", afirmou.
O documento também é assinado pelos deputados Joãozinho Tenório (PRD), Romero Sales Filho (UB), Débora Almeida (PSDB), William Brígido (Republicanos), Joaquim Lira (PV), João Paulo (PT), Luciano Duque (SD), Fabrizio Ferraz (SD), Wanderson Florêncio (SD), Kaio Maniçoba (PP), Antõnio Moraes (PP) e Henrique Queiroz Filho (PP). Os pedidos só serão apreciados na segunda-feira (17).
A deputada governista Débora Almeida (PSDB) e o deputado Antônio Coelho (União Brasil), da oposição, travaram o maior embate do dia, ocorrido durante a reunião da CCLJ. A tucana chegou a dizer que a oposição deu um golpe.
"A cada dia essa Casa perde autonomia por conta de interesses de um grupo político. Isso é um absurdo", disparou a parlamentar.
"É muito importante a gente se ater ao texto do regimento interno, porque ele está sendo cumprido à letra. O prazo é para até cinco dias", rebateu Coelho.
O então presidente da comissão, Antônio Moraes (PP), encerrou a reunião sem conclusão, mas o parlamentar mais antigo da casa, Waldemar Borges (PSB), reabriu os trabalhos. A votação para presidente, porém, não foi realizada por falta de quórum, uma vez era preciso ter todos os titulares presentes nessa primeira chamada.
Com João Paulo (PT) e Luciano Duque (Solidariedade) ausentes, a votação ficou para o sábado. Nessa segunda chamada, basta que a maioria dos titulares esteja presente para que a eleição ocorra.
A votação da CCLJ será a única em que ocorrerá bate-chapa, numa disputa entre Alberto Feitosa (PL), que já era especulado para o posto, e Débora Almeida (PSDB), que apresentou candidatura ao final da sessão dessa sexta. Edson Veira (União Brasil) é candidato à vice-presidência.
Finanças e Administração
Após o fim da reunião da CCLJ, o plenarinho da Alepe recebeu as sessões de instalação das comissões de Finanças e de Administração. Os atuais presidentes, Débora Almeida (PSDB) e Joaquim Lira (PV), respectivamente, seguiram o mesmo rito e encerraram os trabalhos sem conclusão.
Joaquim Lira, inclusive, nem chegou a abrir oficialmente a sessão, afirmando discordar da convocação. Antes de se despedir de todos os parlamentares presentes e se retirar do plenarinho, ele declarou que só se fez presente respeito aos colegas e à Casa.
Seguindo os mesmo procedimentos da CCLJ, os deputados mais antigos entre os membros desses dois colegiados reabriram as respectivas sessões e formalizaram o processo eleitoral. Como também havia faltosos, as eleições desses grupos também ficaram para o sábado.
Antônio Coelho (União Brasil) foi o único a apresentar candidatura à presidência da comissão de Finanças, enquanto Diogo Moraes (PSB) vai buscar a vice.
Já na comissão de Administração, Waldemar Borges (PSB) é candidato único à presidência, e Antônio Coelho (UB) disputará a vice.
Oposição nas presidências
Com a saída do União Brasil do bloco governista, o governo Raquel Lyra sofreu uma dura perda e acabou ficando com minoria nessas três comissões, consideradas as mais importantes da Alepe.
Na CCLJ e na comissão de Finanças, que possuem nove membros, cada, o governo tem quatro representantes, contra 5 da oposição. Já em Administração, são quatro contrários e três favoráveis a Raquel.
Essa minoria já é vista pelos próprios governistas como uma iminente derrota na votação que ocorre neste sábado. A própria Débora Almeida, durante discussão na sessão da CCLJ, indicou isso ao discordar da convocação feita por Farias: "vocês já têm a maioria, por que então fazer isso?", disparou a deputada.
Caso a matemática cumpra seu papel, o governo terá a frente dois anos diferentes dos últimos vividos junto à Alepe. Mesmo durante as mais intensas rusgas vividas com o Legislativo nos últimos anos, a governadora conseguiu aprovar todas as pautas enviadas para a Casa. Agora, com a oposição liderando esses colegiados, a gestora terá um momento desafiador daqui adiante.