Líder do governo na Alepe acusa bancada do União Brasil de machismo: "A violência política de gênero é uma realidade"
Socorro Pimentel criticou colegas de partido, após não ter o nome considerado para as principais comissões da casa: "Em nenhum momento fui consultada"

A líder do governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Socorro Pimentel (UB), usou o plenário da Casa, nesta segunda-feira (17), para criticar a conduta dos colegas de bancada do União Brasil, denunciando ter sido vítima de violência política de gênero, após ser preterida para as principais comissões da Alepe.
Socorro afirmou que não foi consultada "em nenhum momento" e foi retirada da composição das comissões "sem qualquer justificativa".
"Sinto-me na obrigação de expressar o meu profundo sentimento de indignação pela maneira como fui tratada pelos meus pares. Em nenhum momento fui consultada e sem qualquer justificativa plausível fui retirada da composição das principais comissões, sem sequer considerarem a minha formação como médica", afirmou.
A deputada, que é a única mulher da bancada do União Brasil na Alepe, lamentou o episódio, destacando "machismo" e "gestos pequenos" como regra na decisão tomada.
"Sinto-me desrespeitada. não apenas pela minha competência, mas também por ser a única mulher da bancada do União Brasil. O machismo, infelizmente, gestos pequenos foram a regra. Minha trajetória pública, meu compromisso com esta Casa e com o povo pernambucano foram desconsiderados de maneira descabida", complementou.
Ainda de acordo com a deputada, o episódio não é caso isolado e reflete realidade enfrentada por mulheres na política. Socorro Pimentel destacou que a exclusão é uma forma de violência política de gênero.
"A violência política de gênero é uma realidade. Quando uma mulher é desrespeitada, desconsiderada ou retirada de espaços de poder, estamos diante de uma manifestação clara de violência política de gênero. [...] As mulheres podem estar presentes de forma igualitária nos espaços de decisão. Esse tipo de violência não se dá apenas através de agressões físicas ou verbais, mas na forma de exclusão. E foi o que aconteceu comigo nesses últimos dias", disse.
Socorro também aproveitou para criticar o que considera uma "pré-campanha para 2026" dentro da Alepe.
"Vimos que alguns tenham antecipado uma pré-campanha para 2026. [...] Que ninguém use essa casa de forma pequena, politiqueira, para transformar em um reduto eleitoral, antecipando uma campanha que só é em 2026", criticou.
"Hoje a gente tem uma antecipação da eleição de 2026, isso é algo que está existindo nesta Casa. Considero que até o final do ano fosse normal isso acontecer. Mas não nesse momento tão importante, onde todos os deputados devem ser tratados com respeito", complementou.
Discurso amplia crise interna no União Brasil em Pernambuco
O discurso de Socorro Pimentel nesta segunda-feira é novo episódio na crise interna vivida pelo União Brasil em Pernambuco. A bancada do partido na Alepe, atualmente, está dividida entre o grupo que apoia a governadora Raquel Lyra (PSDB), composto por Socorro Pimentel e Romero Sales Filho, enquanto o grupo composto por Antônio Coelho, Romero Albuquerque e Edson Vieira possui alinhamento com o prefeito do Recife João Campos (PSB)
Na última semana, em meio às indefinições sobre as votações para as comissões da Alepe, o partido chegou a mudar de posicionamento três vezes, até a maioria fechar questão pela posição de independência da bancada na Casa, que garantiu Antônio Coelho (UB) na presidência da comissão de Finanças.