Marília Arraes diz que presença de Raquel impedia federação do Solidariedade com PSDB e reforça apoio a João em 2026
Com a migração da governadora para o PSD, caminho ficaria livre para união dos partidos. Ex-deputada também antecipou palanque para João em 2026.

A vice-presidente regional do Solidariedade, Marília Arraes, afirmou que um dos entraves para o partido concretizar a federação com o PSDB era a presença da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, na sigla tucana. A declaração foi dada à Folha de São Paulo e reafirmada pela ex-deputada ao Jornal do Commercio, nesta sexta (28).
Segundo Marília, o Solidariedade entende que Pernambuco é um dos estados prioritários da legenda no país e ela não aceitaria ficar sob o comando de Raquel numa possível federação.
"Quando a gente senta para dialogar para uma federação, temos que escolher a alternativa que vai dar menos problema. Eu não toparia ficar sob comando de Raquel numa federação, inclusive porque o PSDB entregou menos votos que a gente. O Solidariedade entregou quase 200 mil e o PSDB quase 20 mil votos para federal. A gente não aceitaria", explicou Marília ao JC.
À Folha, a ex-deputada afirmou que já tinha dito ao PSDB que ou Raquel se retirava espontaneamente ou eles a convidavam a deixar a legenda para poder concluir a negociação.
Com a migração da governadora para o PSD marcada para o próximo dia 10 de março, a união do Solidariedade com o PSDB agora deve se concretizar.
"Agora a conversa vai poder fluir melhor, a partir do momento em que a gente sanou um dos problemas num estado prioritário. O Solidariedade tem um tamanho compatível com o deles e ficaria um jogo mais equilibrado, tanto para um lado quanto para outro", disse Marília.
Raquel Lyra, como se sabe, vai deixar o PSDB, partido em que está desde 2016, e vai se filiar ao PSD de Gilberto Kassab para se fixar em um partido da base de Lula nas eleições de 2026.
Já o PSDB chegou a namorar uma fusão com o PSD e com o MDB, mas sinalizou a preferência pela federação com o Solidariedade para manter sua estrutura e sua história. Para isso, o partido deverá antecipar o fim da atual federação com o Cidadania, que oficialmente só seria encerrada em maio do ano que vem.
Disputa pelo Senado
A nova federação poderá catapultar Marília Arraes na disputa pelo Senado em 2026. Embora ela não confirme a candidatura, reconheceu que tem o nome cotado para concorrer ao cargo.
"O cenário da majoritária tá muito indefinido, é muito cedo para tratar do assunto. Tenho tido meu nome cotado para praticamente todas as majoritárias desde 2018 para cá, é natural, mas ainda é cedo", ponderou.
No ano passado, ela não se candidatou a cargos municipais e preferiu trabalhar nos bastidores para se lançar candidata no ano que vem. Ela já exerceu mandato como deputada federal entre 2019 e 2023.
A disputa pelo Senado em Pernambuco, porém, já tem outros nomes de peso de olho numa cadeira na Casa Alta. O ministro Silvio Costa Filho (Republicanos) e o presidente estadual do União Brasil, Miguel Coelho, são alguns dos nomes que deverão participar da eleição, além de Humberto Costa (PT), que tentará se reeleger.
Para Marília, isso é positivo pois "significa que o palanque da gente é forte". Apesar disso, ela não quis comentar sobre como o presidente Lula, com quem tem forte aproximação, se comportará diante de tantas possibilidades na mesa.
"Não sei qual será a estratégia do presidente. Temos que encarar esse momento com uma responsabilidade com Pernambuco. Sempre digo que vaidade e projeto pessoal são muito prejudiciais quando a gente está com o estado no caos que está", disse Marília, emendando uma crítica a Raquel.
"Hoje o povo de Pernambuco entende as condições em que ela [Raquel Lyra] foi eleita. Ela foi eleita por acaso, sentou na cadeira por acaso. A gente vinha de um governo caótico, achava que não podia ficar pior e ficou", disparou.
Apoio a João Campos
Marília também afirmou que a nova federação formada pelo Solidariedade já tem compromisso com o prefeito João Campos (PSB), primo dela, na disputa pelo governo do estado em 2026, contra a própria Raquel. O prefeito, vale ressaltar, ainda não verbalizou que irá se candidatar.
E o PSDB também vai apoiar João Campos, caso a federação se concretize. A partir de articulações da própria Marília, o diretório estadual do partido deve ficar com o deputado estadual Álvaro Porto, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, que tem demonstrando cada vez mais alinhamento ao grupo de João Campos.
"Esse é um trabalho que eu tenho feito. Eu levei o nome de Álvaro desde a primeira conversa com o PSDB nacional. Com a saída de Raquel, a gente precisava trazer Álvaro, um dos nomes fortes do estado. Insisti para que isso acontecesse", revelou Marília.
"Precisamos resgatar Pernambuco com um grupo coeso, unido, que não está unido por conveniência, mas sim por convicções, com capacidade de diálogo e gestão, e essa pessoa é João Campos. Ele e o presidente Lula conduzirão esse processo. Caberá a nós colaborar pelo bem do estado e não arrumar confusão", concluiu.
