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'Não queremos antecipar o debate', diz Miguel Coelho sobre apoio ao PSB em 2026

Presidente estadual do União Brasil comentou como foi a reunião com Raquel Lyra, como está a relação com Mendonça e confirmou disputa pelo Senado

Por JC Publicado em 13/02/2025 às 11:32

Mesmo após declarar apoio ao prefeito João Campos em resposta a um aceno feito pela governadora Raquel Lyra (PSDB), o presidente do União Brasil em Pernambuco, Miguel Coelho, afirmou à Rádio Jornal que ainda é prematuro cravar que estará no palanque do PSB nas eleições de 2026.

A declaração foi dada nesta quinta-feira (13), durante o programa Passando a Limpo.

Seria muito prematuro e a gente não quer antecipar o debate. Não existem candidatos hoje, os candidatos só vão existir a partir de julho do ano que vem, nas convenções. Então, o que se tem hoje são meramente pretensões, ambições, cenários hipotéticos”, disse Miguel.

No último domingo (9), o ex-prefeito de Petrolina publicou um vídeo confirmando que teve uma reunião com Raquel, a pedido da governadora, mas negou qualquer tipo de aliança com a tucana. No dia seguinte, ele posou para fotos ao lado de João.

Recém-empossado presidente do diretório estadual, Miguel Coelho contou que o ano de 2025 será destinado a planejar e fortalecer a legenda para os trabalhos eleitorais do ano que vem.

O partido espera eleger de 3 a 5 deputados federais e pelo menos 8 estaduais nas eleições do ano que vem. Atualmente, a legenda tem três nomes na Câmara Federal e cinco na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Miguel também reforçou que vai disputar a eleição para o Senado.

“É uma premissa do nosso partido a nível nacional aumentar a bancada, tanto no Senado quanto na Câmara. Eu já assumi que quero [disputar o Senado] porque a gente entende que o União Brasil, pelo seu peso e estrutura partidária, pode sim galgar esse espaço de estar na chapa majoritária. Vamos trabalhar muito em 2025 para poder chegar competitivo e com condições de disputar para ganhar”, afirmou.

Encontro com Raquel Lyra

Sobre a reunião com Raquel Lyra, Miguel reiterou que aceitou o convite da governadora por educação e respeito. Ele afirmou que, mesmo com “todo o contexto do que aconteceu de 2022 para cá”, ele não poderia recusar um convite para conversar com a gestora.

O líder do União Brasil, vale lembrar, foi rifado da gestão estadual mesmo após ter apoiado a governadora no segundo turno das eleições de 2022. No ano seguinte, ingressou no grupo de João Campos, principal opositor da governadora.

“Fui ouvir o que ela tinha em mente para discutir, e também aproveitei a oportunidade de reafirmar o compromisso e o posicionamento político que nós temos. Um posicionamento que não foi feito do dia para noite, mas sim ao longo de todo 2023, e em 2024 isso ficou muito cristalino. E ainda mais transparente da reciprocidade que o União Brasil e o PSB tiveram, tanto a gente apoiando a eleição de João Campos no Recife, como o PSB apoiando a eleição de Simão aqui em Petrolina. Foi uma conversa amistosa e cordial”, detalhou.

Alepe

Segundo Miguel, a direção estadual do partido ficou de fora da decisão dos deputados estaduais de deixar o bloco governista da Assembleia Legislativa de Pernambuco. A saída foi formalizada na última quarta-feira (12).

A dissidência foi posta após três dos cinco parlamentares do partido votarem pela saída do grupo. Um dos signatários foi o irmão de Miguel, deputado Antônio Coelho, líder do partido na Alepe. Segundo Miguel, a direção preza pela autonomia da bancada estadual.

“O União Brasil tem cinco deputados estaduais e, pela maioria, eles vão sempre decidir o que entenderem que seja o melhor caminho para os interesses partidários e que possa dar protagonismo para o partido, não só dentro das comissões, mas em todos os debates que a Alepe termina tratando”, afirmou.

“Até porque a gente assumiu agora o partido. A gente chegou na segunda-feira à noite, estamos muito dedicados aos trâmites internos e burocráticos para poder tomar pé de todas as pendências”, acrescentou.

Questionado se o racha no partido sobre a decisão poderia representar prejuízo à unidade da bancada, Miguel reiterou que respeita a decisão individual de cada parlamentar.

A pergunta se deu porque a deputada Socorro Pimentel (União Brasil), que recentemente se tornou líder do governo Raquel Lyra na Alepe, não assinou o documento de saída do bloco governista. Miguel aproveitou a resposta para alfinetar a gestão estadual.

“Numa bancada de cinco, três são maioria, e a maioria sempre vence a minoria. A atual líder do governo foi uma escolha meramente pessoal do governo. Ninguém do União Brasil sequer foi consultado, isso também é no mínimo deselegante. Mas enfim, o governo escolhe quem quer e em quem confia para poder representar seus interesses”, concluiu o assunto.

Relação com Mendonça e Rueda

Ainda na entrevista, Miguel Coelho teceu elogios ao deputado federal Mendonça Filho, que assumiu a vice-presidência do diretório estadual nessa nova composição.

Os dois, como se sabe, integram grupos políticos diferentes, mas o presidente da legenda contou que os trabalhos dentro do partido são permeados por união.

“Eu tive a alegria de fazer campanha com Mendonça na eleição de 2022, ajudei muito e fiquei muito feliz com a volta dele ao Congresso. Mendonça é um dos grandes quadros da política pernambucana, contribui e soma muito com seus argumentos e posicionamentos firmes, duros de vez em quando, mas muito necessários e pertinentes. Todos nós que agora fazemos a nova direção do União Brasil aqui no estado, queremos o crescimento, o fortalecimento e queremos olhar para frente”, relatou Miguel.

MAX BRITO/ DIVULGAÇÃO
Miguel Coelho e Mendonça Filho - MAX BRITO/ DIVULGAÇÃO

Coelho também afirmou que mantém boa relação com o presidente nacional da legenda, Antônio Rueda, eleito para o posto um ano atrás.

“Minha relação com o presidente nacional é a melhor possível. Uma relação de confiança, transparência, respeito, tanto que através da liderança dele, claro, de outras lideranças da executiva nacional, peguei aqui, a presidência estadual do União Brasil. Tenho essa gratidão, esse reconhecimento a muitos amigos de partidos que me ajudaram a chegar a essa construção de hoje estar podendo liderar o nosso partido”, concluiu.

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