Carlos Villagrán, o Kiko do seriado "Chaves", revelou os bastidores da atração durante entrevista ao "Programa do Porchat", que vai ao ar na madrugada desta quinta-feira (8). O ator, de 72 anos, falou sobre sua relação com o criador do seriado, Roberto Bolaños - que morreu em 2014.
"Quando fizemos o primeiro não era um programa, era uma esquete de 10 minutos, que fazia parte de uma programação de uma hora. O Roberto me ligou e disse: 'você vai ser um menino'. Eu tinha 29 anos, fui procurar figurino e encontrei um traje de marinheiro. Eu criei o choro, os gestos, o 'cale-se, cale-se, você me deixa louco' e o 'gentalha, gentalha'. Ele não tinha ideia de como seria o personagem, tudo isso é meu".
De acordo com Villagrán, a convivência fluiu bem até certo ponto: "Éramos uma família, até que o Roberto começou a fazer coisas erradas. Ele acreditou que, como escrevia o roteiro, tudo era criação dele e começou a pensar: 'eu sou um gênio'. Ele menosprezou os companheiros, todos. Ele se elevou a autor e compositor de todos: dono da Chiquinha, da Bruxa do 71, do seu Madruga, da Dona Florinda, do Seu Barriga, do Nhonho".
INVEJA, CIÚMES...
"Eu fiquei no programa por 8 anos. Nós fazíamos turnês pelo Chile, pela Argentina, em todos os lugares, e o Kiko era mais popular que o Chaves. Nas entrevistas coletivas, 70% das perguntas eram para o Kiko. Isso despertou inveja, ciúme, e começaram a querer tirar o Kiko da turma", afirmou.
"Eu fui tirado, e o seu Madruga ( Ramón Valdés ) não gostou, questionou e quis sair duas semanas depois em solidariedade. Depois disso, o programa começou a acabar", contou o ator. "Se tira o seu Madruga, Dona Florinda fica sem ter com quem brigar. A Bruxa do 71 fica sem motivo para morar na vila. Ele era o protetor do Chaves. E a Chiquinha ficou orfã. Tudo girava em torno dele", continuou.
Villagrán disse que Ramón Valdéz morreu sem saber o quanto era querido no Brasil: "Ele não se deu conta de que era tão famoso aqui. Tem 34 anos que ele morreu... Eu adorava o Seu Madruga".
DESEMPREGO
"A Televisa me vetou, não podia trabalhar no México por causa do Bolaños e do Emilio Azcárraga, dono da emissora, que mandou fax dizendo para ninguém me dar trabalho senão acabaria com o 'Chaves' e as novelas mexicanas. Eu passei maus bocados, mas sempre tive trabalho", detalhou o ator.
Villagrán não conseguiu mais ter contato com Bolaños: "Tentei muitas vezes falar com ele depois, mas não me atendia, dizia que não queria falar comigo. Ele teve, até certo ponto, muita inveja do Kiko".