A exposição da ex-consulesa da França no Brasil, Alexandra Loras, provocou um debate sobre o uso do "blackface" nas artes. A 'Pourquoi Pas' ('Por que não?'), que tem uma proposta de mostrar o "mundo invertido", reúne imagens de 20 personalidades brancas, com o tom de suas peles escurecidas digitalmente. Xuxa, Silvio Santos, Donald Trump, Dilma Rousseff e João Doria estão entre as celebridades que tiveram suas retratos modificados, com traços afrodescendentes.
Após a divulgação da mostra - que começa dia 2 e segue até 22 de dezembro, na galeria Rabieh, em São Paulo - em sua conta no Facebook, muitos internautas acusaram Loras de usar o 'blackface' nas fotos. A prática é considerada racista.
"Black face?? Doria? Temer? Gisele Bündchen? Elizabeth II? Pq ñ colocar então o Rei do Lesotho, alguma top model negra, os fundadores da Frente Favela Brasil (se o objetivo era questionar a falta de lideranças políticas negras)? Que representação esses personagens têm para a causa negra?? Eu digo: nenhuma! Nenhum compromisso com as lutas do povo negro! Pintar seus rostos de negro ñ tem qualquer significado de ativismo negro!!", disse uma seguidora.
Por conta da polêmica, a ex-consulesa resolveu compartilhar uma nota de esclarecimento sobre a exposição, na última segunda-feira (27). "Como artista negra, meu objetivo é fazer uma reflexão sobre o protagonismo do negro na sociedade brasileira sem dar qualquer conotação pejorativa aos personagens retratados, mas sim mostrar como o eurocentrismo atual é chocante e absurdo para os negros", disse.
Apesar da explicação de Alexandra Loras, os internautas continuaram questionando a escolha dos famosos representados e a mensagem que está sendo passada com as obras.
Em tempo, o termo 'blackface' surgiu por volta de 1830, quando homens brancos passaram a se pintar de preto - em uma forma estereotipada - e se apresentavam para a aristocracia branca com o objetivo de satirizar a população negra. A prática acabou ganhando popularidade no teatro, cinema e televisão.
Confira as imagens: