Quem passa a virada do ano na praia já deve ter visto uma grande quantidade de barquinhos sendo colocados no mar e flores sendo arremessadas contra a água. Essa tradição faz parte da religião Candomblé e as oferendas colocadas através das ondas é uma maneira de reverenciar a orixá Iemanjá.
Na religião, as oferendas à orixá são feitas em momentos próprios, como no dia 2 de fevereiro em Salvador, e o dia 8 de dezembro para os pernambucanos. No ano novo, e em agradecimento pelo ano que se finda, são ofertados perfumes, espelhos, barcos, cestas, frutas, flores e outros mais variados presentes.
Iemanjá, assim como todas as Yabas (orixás femininos) é bem vaidosa, gosta de flores, perfumes, jóias e escovas. O espelho, que também é bastante oferecido, é chamado de Abebé e é característico da Rainha do Mar e também de outro orixá muito conhecido, Oxum.
As oferendas que são ofertadas em água doce ou salgada tendem a obedecer a correnteza e o ideal é que sejam entregues em alto mar. O orixá aceita os presentes quando o barco navega um pouco e depois afunda.
No caso de a pessoa entregar o barco ou uma cesta e eles voltarem intactos ou com grande parte do que se ofertou, pode-se dizer que os presentes não foram aceitos. Porém, existe o jogo de búzios onde o sacerdote irá confirmar se a oferenda foi aceita ou não.
Os candomblecistas também tem uma forte preocupação com a preservação da natureza, tendo cuidado em como as oferendas serão dadas. Por exemplo, se um perfume é ofertado, o líquido é jogado por cima das flores e embalagem é jogada no lixo. As jóias e espelhos são deixados aos pés dos orixás no terreiro ou são usados em homenagem a Iemanjá, pois ela dará sua benção e protege quem protege o mar.