Coautor de 'Babilônia' revela mágoa de Gilberto Braga com a Globo
João Ximenes Braga trabalhou ao lado do falecido autor em 'Babilônia', que foi fracasso de audiência na Globo
Responsável por escrever a novela Babilônia ao lado de Gilberto Braga, João Ximenes Braga abriu o jogo sobre a morte do autor de novelas e sua relação com a Globo. A última produção de Gilberto Braga, feita ainda em 2015, encerrou com gosto amargo sua carreira após duras críticas e um fracasso de audiência.
Para Cristina Padiglione, da Folha de São Paulo, João Ximenes fala sobre os bastidores da novela e o legado de Gilberto Braga.
"Foram quatro décadas e meia como espectador, subordinado e colega. Trabalhei com ele em cinco novelas e uma minissérie. Não há homenagem que eu possa fazer que caiba em rede social. Quero falar de outra coisa", adianta.
O autor cita então 2015, o ano da novela Babilônia. João relata que foi chamado até a casa de Gilberto Braga, e lá encontrou um novelista abalado, com problemas de saúde e deprimido com o fracasso da produção.
Relato
"Ele não estava bem de saúde, mas lúcido e muito deprimido com o fracasso de Babilônia, que até hoje é o pior ibope do horário", relembrou João Ximenes Braga. Ele conta que, neste dia em questão, Gilberto Braga manifestou seu desejo de "voltar a trabalhar logo para recuperar seu prestígio".
Para Gilberto, recuperar-se do fracasso era algo importante, por mais que ele já fosse consagrado na indústria e tivesse o respeito do público e colegas.
Ainda assim, João Ximenes defende o colega de profissão e dá a sua versão sobre o fracasso da novela.
"Passaram-se seis anos e sinto a urgência de pôr os pingos nos is: o fracasso artístico e de audiência de Babilônia não pode ser atribuído a Gilberto e sim à intervenção mal intencionada que destruiu completamente a espinha dorsal da novela", opinou.
Sem citar nomes, João Ximenes conta que Gilberto Braga ainda trabalhou em outras produções para tentar se recuperar do tal fracasso. Todas elas, contudo, foram vetadas pela equipe da Globo ou pelo chamado "interventor", como ele cita.
Sem dizer nomes, é de bom tom relembrar que o diretor de dramaturgia da Rede Globo era Silvio de Abreu, que deixou a emissora apenas em 2020.