Giovana Queiroz, de 18 anos, jogadora brasileira de futebol que atua no time do Barcelona (Espanha), publicou nesta terça-feira (29) uma carta ao presidente do clube, Joan Laporta. No relato, a atleta discorre sobre condutas abusivas que sofreu dentro do Barcelona e assédio moral, quando ainda era menor de idade.
No texto publicado por Queiroz, a atleta diz ainda que as mudanças no tratamento dentro do clube aconteceram após ter sido convocada para a Seleção Brasileira. O Barcelona ainda não se pronunciou sobre as acusações.
"Os primeiros meses no clube foram importantes no processo de adaptação. Estava em uma boa dinâmica, visto que recebi minha primeira convocação para a Seleção Brasileira. À partir desse momento, comecei a receber um tratamento diferente do clube.", disse.
Giovana foi punida internamente pelo Barcelona
Entre os diversos episódios relatados pela atleta, ela traz à tona uma quarentena irregular a qual foi submetida e que, ao questionar o chefe do departamento médico do Barcelona, não obteve respostas.
"Ao ser questionada, ela respondeu: “O seu caso é diferente. Fui autorizada a fazer um confinamento especial para você”. Eu, indignada, ainda perguntei: Como assim especial? Ela evitou o assunto e nunca mais me respondeu!", disse.
Giovana diz que cumpriu o período determinado, mas ainda sofreu punições dentro do clube após retornar de um período jogando pela Seleção Brasileira.
"Quando voltei a Barcelona, me chamaram para uma reunião com o diretor do clube. Nessa reunião fui acusada de ter cometido uma indisciplina grave e que, por isso, seria isolada da equipe e sofreria graves consequências. Eu fiquei completamente em choque", disse.
"Acusaram-me injustamente de não ter cumprido o confinamento, de ter viajado sem autorização do clube e sem consentimento e das capitães da equipe. Tentei demonstrar que isso não era certo. Ele estava irredutível, bastante agressivo e, com um tom ameaçador, me disse: “Não se preocupe. Cuidaremos bem de você”, relatou.
Jogadora quer combater cultura machista
Giovana diz ainda que espera que seu testemunho “sirva para que outras mulheres que sofrem ou tenham sofrido algum tipo de abuso ou violência rompam o silêncio, levantem a voz e denunciem os seus agressores” contra o que chama de “cultura do assédio e da violência machista”.
A atleta também expressa seu desejo de que o Barcelona “aja de forma consequente e transparente” e investigue e denuncie os delitos às autoridades.
“Também desejo que o clube, através de seu presidente, se comprometa a implementar medidas efetivas para combater o problema evidente e bem documentado de abuso moral, o assédio moral no local de trabalho e a violência psicológica contra as mulheres”, finaliza.
Apoio nas redes sociais
Após a publicação da carta por Giovana, o assunto se tornou um dos tópicos mais comentados nas redes sociais. 'Força Gio' se tornou um dos assuntos do momento no Twitter do Brasil.
Apesar do apoio em massa, alguns críticos à jogadora também comentaram. Especialmente, os fãs do Barcelona acusaram a jogadora de tentar "manchar a reputação" do clube.