Exposição excessiva e precoce de eletrônicos por crianças pode ser um problema para socialização, alerta especialista
Intoxicação eletrônica na primeira infância traz graves riscos aos aspectos sociais da criança
As crianças podem até ainda não entender o significado exato de palavras como tecnologia, redes sociais, web e tantos outros sinônimos vinculados à Internet, mas ficam encantadas com as telas luminosas dos aparelhos eletrônicos.
A fascinação pelo controle do que quer assistir ou brincar é tão grande que as deixam paralisadas cada vez mais cedo. Afinal, elas sabem manusear esses dispositivos melhor do que muitos adultos. Parecem ter habilidades natas. Mas até que ponto essa intoxicação eletrônica pode interferir no desenvolvimento mental e na socialização das crianças?
Para os especialistas, desde que seja usada da forma correta e com o direcionamento certo, a tecnologia ajuda a desenvolver o raciocínio lógico e pode ser uma excelente aliada aos estudos. Entretanto, segundo Amanda Rangel, gestora pedagógica do Colégio GGE, o excesso de informações, distrações, cores e luzes que os eletrônicos oferecem para as crianças, podem ser extremamente prejudiciais.
“Acarreta um acúmulo de estímulos desnecessários e excessivos que podem favorecer, uma vez expostas de maneira descontrolada a telas e eletrônicos, à diminuição de interesse por atividades que promovam menos estímulos (escrita, atividades escolares, jogos de tabuleiro, leitura, etc.), como consequências possíveis temos: a falta de foco, dispersão frequente, atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo, entre outros.” explicou.
Excesso de aparelhos eletrônicos podem prejudicar socialização das crianças
Outro fator levado em consideração pela gestora é a questão da interferência que esses aparelhos têm na socialização das crianças. “A partir do momento em que entendemos a socialização como algo aprendido e que precisa ser praticado, percebemos que, quanto menor for a exposição da criança aos seus pares e a atividades que promovam essa socialização, maior será a dificuldade em estabelecer essas habilidades sociais”, pontuou.
Segundo Amanda, a intoxicação eletrônica é um dificultador nesse processo - já que crianças com uso excessivo de eletrônicos em sua rotina têm menor interesse em socializar com os amigos e, consequentemente, possuem prejuízos sociais consideráveis. Nesse mesmo raciocínio, quanto maior o tempo utilizado de eletrônicos, menor a socialização do indivíduo.
A utilização dos meios digitais de forma prematura pode ser ainda mais danoso. De acordo com Amanda Rangel, até os 2 anos de idade, não é recomendado nenhum tipo de estímulo à eletrônicos por entender que nessa faixa etária a criança precisa estar exposta a atividades ao ar livre, com seus pares e que promovam seu desenvolvimento global e principalmente social.
“Os prejuízos de um contato precoce com meios digitais são muitos, desde um atraso no desenvolvimento motor até um declínio no desenvolvimento global (cognitivo e social) já que essa criança, uma vez exposta a meios digitais, fica mais intolerante a outros estímulos menos interativos (sem tanto apelo visual)” explicou.
Por isso, a importância de diminuir esse acesso e, após essa fase inicial, controlar o tempo de telas das crianças, sempre preconizando atividades voltadas para a socialização e desenvolvimento motor da criança.
Porém, a partir dos 2 anos de idade, a criança já possui algumas experiências importantes no seu desenvolvimento e maiores habilidades sociais que permitem o início do uso moderado e supervisionado de alguns eletrônicos.
“É preciso que não seja ultrapassado o tempo máximo de 30 minutos por dia, possibilitando assim, que a criança tenha um maior tempo destinado a atividades com seus pares objetivando um desenvolvimento global de suas competências”, orienta Amanda.
A gestora acrescenta que o uso consciente de eletrônicos, moderado e, principalmente, supervisionado por adultos, de eletrônicos pode ser sim positivo.
“Quando bem direcionada, a tecnologia favorece o aprendizado e pode ser mais uma ferramenta de estudo e lazer para as crianças. Por isso, é importante acompanhar o que os nossos filhos têm acesso para fazermos melhores escolhas”, alerta.