'Facebook Papers' vêm à tona antes de relatório sobre resultados da plataforma
As informações desta segunda-feira culpam o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, pela plataforma se submeter aos censores estatais do Vietnã, permitir que o discurso de ódio aumente em nível internacional, devido a deficiências linguísticas, e saber que seu algoritmo alimenta a polarização tóxica online
O Facebook foi alvo nesta segunda-feira (25) de artigos contundentes de pelo menos uma dúzia de veículos de comunicação americanos baseados em documentos internos, horas antes da publicação prevista do relatório dos resultados da empresa.
A gigante das redes sociais enfrenta uma enxurrada de críticas desde que sua ex-funcionária, Frances Haugen, vazou estudos internos que mostram que a empresa conhecia o dano potencial que seus sites provocam, o que levou os legisladores americanos a voltarem a fazer pressão por sua regulação.
As informações desta segunda-feira culpam o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, pela plataforma se submeter aos censores estatais do Vietnã, permitir que o discurso de ódio aumente em nível internacional, devido a deficiências linguísticas, e saber que seu algoritmo alimenta a polarização tóxica online.
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"Os 'Facebook Papers' são tão condenáveis, tão inquietantes, tão repugnantes, e deveriam levar a uma rápida ação em nível federal", tuitou a professora de direito da Universidade de Fordham Zephyr Teachout, referindo-se ao apelo gerado pelo vazamento de informações da empresa.
Organizações jornalísticas como os jornais The New York Times, The Washington Post e Wired estão entre as que tiveram acesso ao conjunto de documentos internos do Facebook que Haugen vazou originalmente às autoridades americanas e que serviram de base para uma série de artigos duros do jornal The Wall Street Journal.
O Facebook qualificou a informação como uma publicação parcial de seus estudos internos, cujo objetivo seria criar uma impressão negativa sobre a rede social, usada por bilhões de pessoas.
A empresa tem previsto divulgar nesta segunda-feira seus lucros trimestrais, que dispararam durante a pandemia devido ao uso maciço de ferramentas online pelas pessoas, que buscavam se proteger do vírus em casa.
Haugen, que depõe perante os legisladores britânicos nesta segunda-feira, disse em várias ocasiões que a empresa antepõe seu contínuo crescimento e, portanto, o lucro, ao bem-estar e à segurança dos usuários.
O Facebook já foi sacudido por grandes crises, mas as revelações sobre o que ocorre nos bastidores da empresa alimentaram um frenesi de artigos mordazes e um novo impulso aos legisladores americanos para adotar medidas sobre a regulação das redes sociais.
O artigo do The Washington Post, publicado nesta segunda-feira, afirmava que Zuckerberg tinha assinado pessoalmente uma iniciativa do governo autoritário do Vietnã para limitar a difusão das chamadas publicações "antiestatais".
O site Politico qualificou os documentos de um "tesouro para a luta antimonopólio de Washington" contra a plataforma, revelando conversas internas dos funcionários sobre o domínio global do Facebook.
Os críticos da rede social se lançaram na semana passada sobre um relatório segundo o qual a rede social planeja mudar de nome, argumentando que poderia estar tentando se desviar dos recentes escândalos e controvérsias.
Segundo informação do site The Verge, que o Facebook se negou a confirmar, a companhia pretendia mostrar sua ambição de ser algo mais do que uma plataforma de redes sociais.
Apesar das muitas polêmicas que o Facebook tem enfrentado, as autoridades dos Estados Unidos não criaram uma nova e substancial legislação para regular as redes sociais.
A companhia se recuperou de outros escândalos, como o da Cambridge Analytica, uma consultoria britânica que usou dados pessoais de milhões de usuários do Facebook para direcionar anúncios políticos.
Neste caso, Zuckerberg foi a Washington se desculpar e a empresa fez um acordo com os reguladores americanos pagar 5 bilhões de dólares.