Futuro da internet? Da indústria cultural para aposta multimilionária, "metaverso" ganha destaque após investimento do Facebook
Para além do que é abordado em filmes de ficção, esse novo universo digital permitiria experiências totalmente imersivas e de alto grau de realismo e tem ganhado espaço na discussão mundial
Já imaginou usar um ambiente virtual onde não houvessem limitações físicas ou sensitivas? Um recurso que com apenas um toque você pudesse ir a qualquer lugar do mundo e participar de uma experiência real, como um jogo de futebol ou um passeio ao ar livre, com todas as funções táteis? Há quem acredite que esse universo possa ultrapassar o imaginário e se estabelecer como realidade futura. Recentemente, o “metaverso” tem ganhado espaço na discussão mundial, principalmente após o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, fazer investimentos milionários no que acredita ser o próximo passo da internet.
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Emplacado pelo romancista de ficção científica Neal Stephenson para descrever um mundo virtual para o qual as pessoas escapam de um mundo real distópico, o termo “metaverso” se popularizou na indústria cultural. No entanto, tem ganhado uma nova conotação no mundo dos negócios.
Afinal, o que seria o “metaverso”?
O professor de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie Vivaldo José Breternitz explica que a ideia desse novo ambiente revolucionaria as relações interpessoais, proporcionando experiências com alto grau de realismo. “O metaverso é um ambiente virtual, digital, mais amplo e com experiências mais sofisticadas. O usuário poderia entrar em uma espécie de holograma, em 3D, e fazer muitas coisas táteis nesse ambiente visual, como sexo, por exemplo”, afirma o especialista.
O que já se conhece como experiência 3D imersiva é a realidade virtual, no entanto, há diferenças desta para a nova idealização. “A realidade virtual é um componente do metaverso. Ao colocar um daqueles óculos, eu posso selecionar o que está acontecendo no Havaí, por exemplo, e me insiro. Em paralelo a isso, estaria a realidade aumentada, que com alguns elementos visuais eu poderia estar com outra pessoa real no Havaí. E aí você insere pessoas como componente do metaverso”, explica José Breternitz.
Empresas apostam em uma nova realidade virtual
Na vida real, a aposta das empresas multimilionárias é que este seja um espaço compartilhado na web que une o online e offline sem que as máquinas, como computadores, sejam um fator limitante para o acesso. Atualmente, as principais empresas que apostam no “metaverso” são o Facebook e a Microsoft.
A dona das redes sociais mais populares como Instagram, WhatsApp e Facebook, tem sido uma das principais apostadoras na realidade aumentada como tendência para o futuro. A multimilionária anunciou em setembro o investimento de US$ 50 milhões no projeto. Além também de abrir 10 mil empregos na Europa, que seriam focados no “metaverso”. Além disso, a empresa mudou de nome para "Meta" com o objetivo de abraçar esse novo universo.
Em julho, Mark Zuckerberg relatou ao The Verge que, nos próximos anos faria uma transição para que as pessoas os vissem como uma empresa de mídia social que passou a ser uma “empresa metaversa”. “Eu acho que isso vai ser uma grande parte do próximo capítulo para a maneira que a Internet evolui após a internet móvel, além de ser o próximo grande capítulo para nossa empresa também”, declarou o bilionário.
“O que percebemos é que o Facebook ganha dinheiro com publicidade e acesso, além de vender dados pessoais para empresas. Se ele criar um negócio desse, que é extremamente atraente, será muito lucrativo para ele”, afirma o professor de Computação e Informática.
Além da empresa de redes sociais, a criadora de softwares Microsoft também tem ambição no projeto. De acordo com o professor, a empresa pensa em vender um programa para outras empresas que poderiam criar seus próprios "metaversos".
Futuro da internet?
Há cerca de 20 anos, algo como o precursor do “metaverso” foi experimentado pela comunidade mundial. Antes de cair em desuso, o “Second Life” proporcionou que jogadores de games e empresas pudessem criar um ambiente de interatividade virtual que se assemelhava com a realidade. “O Second Life criou uma realidade virtual muito mais tosca que o “metaverso”, mas onde as pessoas podiam andar, caminhar, interagir, com um avatar. Algumas empresas fizeram seu próprio ambiente, como o Itaú e a Mackenzie”, explica o professor.
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José Breternitz acredita que as especulações sobre o futuro da tecnologia são incertas e, de certa forma, perigosas. “Acho que isso é uma abordagem evolutiva, vão aparecer em no máximo dois anos os primeiros metatarsos, que serão aperfeiçoados, mas é muito difícil fazer. Eu acho que a realidade aumentada vai ser mais um componente da internet”, afirma.
O especialista alerta para que os empresários fiquem atentos a golpes e investimentos que podem gerar prejuízos. “Sempre aparecem espertos quando falamos de coisas novas, vendendo coisas antigas como novidade. A nossa sugestão é que as empresas, principalmente as pequenas, sempre acompanhem as novidades, mas com muito cuidado, porque podem acontecer investimentos errados como o que fizeram com o Second Life. Isso faz perder muito dinheiro”, concluiu José Breternitz.