Há quase oito anos a Basílica da Penha, no bairro de São José, Centro do Recife, foi transformada num canteiro de obras, com andaimes em todo canto e operários para cima e para baixo corrigindo as inúmeras avarias do prédio. O trabalho de restauração não terminou, mas chegou a hora de a igreja reativar suas funções religiosas. O atual estágio da intervenção permite reabrir o prédio com segurança e a festa será neste domingo (5), às 17h.
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Reabrir uma igreja fechada por tanto tempo não significa apenas tirar as trancas das portas. É preciso fazer uma cerimônia especial de consagração do altar-mor, conduzida pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. E é exatamente esse ritual que a cidade do Recife verá no fim da tarde deste domingo, na Praça Dom Vital.
De acordo com o reitor da igreja, frei Luís de França, o ritual de dedicação da mesa do altar é indispensável, mesmo a igreja já tendo a sua patrona, Nossa Senhora da Penha. “Deixamos de oferecer atividades religiosas por muito tempo e a nave (local onde os fiéis assistem à missa) virou um canteiro de obras”, justifica.
A celebração, diz ele, é muito bonita. “O arcebispo vai abençoar, incensar, iluminar e ungir o altar com o óleo do Santo Crisma. Isso só é feito nas aberturas e reaberturas de igrejas”, informa o frade capuchinho. A Basílica da Penha só havia passado pelo ritual no fim do século 19, quando foi inaugurada.
Caravanas de fiéis do interior do Estado e da Região Metropolitana confirmaram presença na festa. A igreja está fechada desde setembro de 2007, quando pedaços do estuque da nave central desabaram no chão. Desde então, as missas e as celebrações da Bênção de São Félix, toda sexta-feira, eram realizadas num espaço do convento, preparado para atender o público de forma temporária.
Nesse período, os capuchinhos providenciaram a recuperação da coberta, da rede elétrica, dos estuques da nave, das portas de madeira esculpidas e da imagem dourada de Nossa Senhora da Penha no telhado do prédio, entre outras ações, como a pintura da fachada. Com ajuda dos fiéis, da prefeitura, do governo do Estado e de empresas.
Da terça-feira (7) em diante, as atividades voltam a ser realizadas na nave central, que teve dois terços de sua área liberados pela Secretaria de Defesa Civil do Recife, da porta de entrada até o altar-mor. O trecho por trás do altar continua interditado e servirá de canteiro de obra para o serviço de consolidação e restauração das torres sineiras.
“Será a grande intervenção no monumento, porque as torres estão em situação de colapso, segundo avaliação feita pela Defesa Civil, arquitetos e engenheiros”, informa frei França. A Prefeitura do Recife doará R$ 1 milhão e o governo do Estado, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), contribuirá com mais R$ 1 milhão para a execução da obra. Faltam ajustes burocráticos para a liberação dos recursos.
Depois, a Província Capuchinha pretende restaurar os 16 altares laterais com suas imagens de santos, o altar principal e peças decorativas. “O foco da ação é eliminar as áreas de risco, como as avarias nas torres sineiras, para salvaguardar o patrimônio e os transeuntes que circulam na Rua das Calçadas. A parte decorativa fica para outra oportunidade”, diz.
Os religiosos solicitaram à prefeitura o ordenamento das barracas de ambulantes na Praça Dom Vital. “Isso dificulta o acesso à igreja. Pediram à província uma rampa de acessibilidade para cadeira de rodas e nós estamos fazendo. Mas, como a cadeira vai chegar à rampa se não terá como cruzar a praça?”, questiona. A Basílica da Penha é tombada como patrimônio estadual.
Inicialmente programada para o dia 3 de julho, uma sexta-feira, a reabertura foi remarcada para o domingo (5), pelos capuchinhos.