VIOLÊNCIA

Polícia ainda busca esclarecer crime em Piedade

Um policial, uma professora e dois criminosos foram mortos

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Publicado em 07/07/2017 às 18:15
Sérgio Bernardo/JC Imagem
Um policial, uma professora e dois criminosos foram mortos - FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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A Polícia Civil tem sete dias para esclarecer o ainda nebuloso episódio do assalto ao Grupo Espírita Amor ao Próximo (Geap), na noite da última quarta-feira, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, e que terminou com quatro pessoas mortas, sendo dois criminosos, um policial militar e uma frequentadora do local.

O prazo para conclusão do inquérito é de dez dias, a contar da data do crime. A Polícia Científica está realizando exames de balística nas armas apreendidas no local: além dos revólveres utilizados pelos bandidos, a pistola do cabo da Polícia Militar Alexandro Melo (que foi atingido na cabeça e faleceu horas depois) e a do oficial da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe) que teria atingido e matado os criminosos Felipe Lima Ferreira da Silva, de 18 anos, e Cleiton Florentino de Oliveira, 22. Os exames vão determinar de que arma partiram os tiros que mataram a professora Luisiana Costa, de 57 anos, frequentadora do centro espírita.

Segundo o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, existem indícios de que o cabo Melo sequer tenha conseguido sacar a arma, sendo executado pelos bandidos no momento em que foi identificado como policial. “As investigações ainda estão no início. É preciso esperar pelas perícias que estão sendo realizadas nas armas e no veículo que foi usado pelos assaltantes que fugiram”, disse, nesta sexta-feira (7), após entrevista no programa Resenha Política, na TV JC, com transmissão pelo Facebook.

Foram sete os criminosos que, por volta das 21h da quarta-feira, fizeram reféns na porta do Geap e entraram para roubar pertences e dinheiro das cerca de 200 pessoas que estavam no local. Dois morreram e um terceiro, Jefferson Gonçalo da Silva, 23, está sob custódia da Polícia Militar no Hospital Getúlio Vargas, na Zona Oeste do Recife. Quatro criminosos conseguiram fugir, pelo menos um deles ferido, pois foi encontrado sangue no veículo abandonado no bairro de Piedade, próximo ao local do crime.

Um policial federal que se encontrava no centro espírita foi atingido no braço durante o confronto, mas não corre perigo. Ele não chegou a reagir, por isso não teve a arma recolhida para perícia. Segundo a Polícia Civil, informações preliminares dão conta de que os criminosos pertenceriam a um grupo sediado na comunidade da Borborema, na Zona Sul do Recife. Felipe e Cleiton, mortos durante a investida, tinham passagens por roubo qualificado e porte de armas. Jefferson Gonçalo responde a um processo por tráfico de drogas e porte de arma.

O corpo da professora Luisiana Costa, de 57 anos, foi sepultado na manhã desta sexta-feira (7). Ela assistia à palestra do psicólogo Liszt Rangel e foi atingida durante o tiroteio entre os bandidos e o policial da Cioe. Muitos amigos, familiares e alunos da escola onde ela era diretora, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, compareceram ao Cemitério Parque das Flores, no bairro do Curado, Zona Oeste da capital. A cerimônia fúnebre aconteceu dois dias depois da morte, para que o filho mais novo de Luisiana, que estava na Nova Zelândia, pudesse chegar ao Recife.


Entre os presentes estavam o deputado federal Silvio Costa (cunhado da professora), o deputado estadual Silvio Costa Filho, o senador Armando Monteiro Neto e o ex-prefeito do Recife, João Paulo. Muito abalado, Silvio Costa preferiu não falar com a imprensa.

EMOÇÃO


Com muita serenidade, o marido de Luisiana, o também professor Sérgio Costa, afirmou que a esposa morreu em paz, dizendo a ele que aquilo seria apenas uma passagem. Ele foi feito refém pelos criminosos antes do tiroteio no Geap e presenciou toda a investida. “Não era o meu dia. Eles ameaçaram me matar, mas, infelizmente, quem acabou morrendo foi minha esposa, que estava ali orando”, desabafou.


Quando o caixão com o corpo de Luisiana foi baixado, o filho mais novo da professora tocou algumas músicas ao violão e, ao final, disse: “Adeus, minha mãe. Todos nós amamos você”.

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