Maio Amarelo

De algoz a herói: conheça a história de um dos conscientizadores da Lei Seca

Número de pessoas flagradas sob efeito de álcool no volante aumentou em um ano

Diogo Cavalcante
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Diogo Cavalcante
Publicado em 30/05/2017 às 16:08
Foto: Diogo Cavalcante/JC
Número de pessoas flagradas sob efeito de álcool no volante aumentou em um ano - FOTO: Foto: Diogo Cavalcante/JC
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Noite de 18 de janeiro de 2004. Jaime Tertuliano voltava de mais um dia de bebedeira em sua cinquentinha. Uma piscada e a falta de reflexos, causada pela embriaguez, fez que o ciclomotor virasse e que ele caísse de costas no meio-fio.

Mas o que poderia ter causado sua fossa, anos depois do acidente, virou razão de viver. Jaime é um dos palestrantes da Operação Lei Seca, subordinada desde 2011 à Secretaria Estadual de Saúde (SES). Com suas palavras, ele tenta evitar que outros cometam o mesmo erro que ele: "Falo o que aconteceu comigo. Trabalho conscientizando as pessoas para que não façam o que eu fiz".

Jaime conta no vídeo abaixo como foi o acidente

Pelo avesso

Na época do acidente, Jaime tinha 27 anos. "Passei dois anos da minha vida sem querer aceitar aquela situação. Tive depressão", relembra. Atualmente, sua perna até mexe, mas "é como se a mente mandasse o movimento e ele viesse depois". Segundo o médico que cuidou de Jaime, por pouco ele não perdeu totalmente a capacidade de se movimentar. "Passei dois meses internado no Hospital da Restauração. Nesse tempo, minha esposa saiu do trabalho e minha enteada perdeu o ano letivo para se dedicar aos irmãos". relatou.

E a volta para casa causou mais um choque: a falta de condições para lidar com a nova realidade. "Não tinha casa adaptada, não tinha dinheiro para cadeira de rodas". Por sorte, contou com a ajuda de um médico, de quem havia sido segurança. Ainda assim, Jaime sofreria dois infortúnios antes de se reerguer. Primeiro, um advogado levou metade do dinheiro do seguro que, por falta de informação, não sabia que poderia ser solicitado por ele mesmo, sem intermédio de terceiros. Ele também sofreu um acidente doméstico - quebrou o fêmur - e passou outra temporada internado no Hospital Getúlio Vargas (HGV).

Volta por cima

Depois de dois meses internado no HGV, uma ligação alterou o rumo dessa história. "Perguntaram se eu topava trabalhar ajudando a salvar vidas como palestrante". E já se vão cinco anos que a rotina de Jaime mudou. "Hoje eu estou bem melhor. Saio, dirijo, viajo, faço as coisas com limitações, mas sou independente, pelo que eu era no começo", comentou. As ações que ele participa são realizadas em todo o Estado.

Flagrantes aumentaram em um ano

Apesar da maior conscientização, o número de flagrantes de pessoas bêbadas nas fiscalizações realizadas pela Operação Lei Seca aumentou. Comparando 2015 com 2016, o aumento de crimes - quando o motorista está acima de 0,35 mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões no bafômetro - foi de aproximadamente 19,8%. E de 1º de janeiro até 24 de maio de 2017, 43 pessoas já foram pegas dirigindo acima do índice tolerável.

No entanto, a quantidade de multas por "dirigir sob a influência de álcool", geradas pelo Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) diminuíram. A redução de 2015 para 2016 foi de 47% ao todo. De janeiro a dezembro de 2015, foram 4.304 infrações detectadas. Já no mesmo período, em 2016, a quantidade foi de 2.281.

"É um trabalho que a gente precisa continuar e intensificar", contou Luciana Carvalho, coordenadora de educação para o trânsito do Detran-PE. Apesar de nem sempre o órgão e a equipe da Operação Lei Seca realizarem ações em conjunto, ambas ajudaram a mudar os hábitos das pessoas frente a isso, na opinião dela.

"Já foi pior. Mas a gente vê as pessoas mudando o hábito, bebendo em casa ou indo pro bar e voltando de forma segura. Nossa meta é zerar o número de acidentes. É pra isso que a gente trabalha", concluiu. Na última sexta (26), o Detran realizou blitz de bairro, pelo Maio Amarelo. "Visitamos 10 bares, levando bafômetro e etilômetro. Já é a quinta blitz de bar que fizemos", explicou Luciana.

Dirigir sob efeito de álcool (ou qualquer outra substância) é infração gravíssima. A multa, desde novembro de 2016, custa R$ 2.934,70 e sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que fica suspensa durante doze meses.

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