O número de crianças vítimas de queimaduras no período de São João que precisaram ser atendidas no Hospital da Restauração (HR), área central do Recife, aumentou em 71% este ano, quando se compara com o mesmo período de 2015. Nessa faixa etária, foram 36 atendimentos; no ano passado, 21 crianças passaram pelo hospital para cuidar dos ferimentos causados por fogueiras e fogos de artifício. “Isso mostra que não houve supervisão de adultos e que não há noção de risco. Alertamos tanto, através da imprensa, sobre a importância desse cuidado na hora do uso de fogos, mas parece que isso foi esquecido e trouxe para nós uma quantidade grande de pacientes com nível de gravidade alto”, informou o diretor do Centro de Tratamento de Queimados do HR, Marcos Barreto.
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No serviço, que é referência no atendimento de casos de queimaduras graves, registrou-se também um aumento no total de pessoas (inclui todas as faixas etárias) que sofreram queimaduras no ciclo junino deste ano, em comparação com 2015. Foram 56 pessoas feridas com queimaduras provocadas por fogos e fogueiras. Em 2015, foram 51 casos no mesmo período. “São pacientes com risco de vida, mutilados. Há crianças com lesões graves que vão permanecer por meses e até anos em recuperação fisioterápica depois que sair do HR”, frisou Marcos.
Ele lamenta o fato de o nível de lesões, nos pacientes pediátricos, deixarem sequelas definitivas. “Há criança que completou 12 anos de idade aqui no hospital neste São João. Ela perdeu a mão, punho e uma parte do antebraço. Ela bateu com uma pedra sobre um artefato que explodiu na mão. E teve outro caso de um pai que tirou o explosivo da mão do filho e ele mesmo foi soltar. Houve explosão na mão que causou múltiplas fraturas. A mão está toda imobilizada. Ele também deverá perder alguns pontos de dedos”, informou o médico.
Outro caso que sensibilizou o médico foi o menino de 5 anos que está em estado grave, com queimadura de terceiro grau que atingiu parte de tórax, membros inferiores e superiores. “Inclusive, ele está com uma lesão subcutânea; perdeu toda a pele de 35% da superfície corporal. É uma criança de alto risco.”
O médico ainda contou que, durante os atendimentos realizados no período de festividades juninas, acompanhou pacientes que caíram em fogueiras porque estavam alcoolizadas. “Houve pessoas que foram jogadas em fogueira no meio de uma briga, criança que caiu da bicicleta dentro da fogueira, outra que caiu dentro da fogueira após se assustar com a explosão de uma bomba. São casos que poderiam ser evitados. Na hora em que a pessoa sabe que está diante de explosivo e não toma os devidos cuidados durante o uso, está dando chance para se mutilar”, lamenta Marcos Barreto.