Desde que a infecção por raiva como causa da morte da dona de loja de rações Adriana Vicente da Silva, 36 anos, foi confirmada pela Vigilância Ambiental do Recife, a busca pela imunização aumentou nas Policlínicas Lessa de Andrade, na Madalena, Zona Oeste da capital, e na Barros Lima, em Casa Amarela, Zona Norte. As pessoas têm reclamado do atendimento e da dificuldade de encontrar vacina e soro. Reclamam também do desencontro de informações repassadas pelos profissionais de saúde sobre os locais definidos como referência pela Secretaria Municipal de Saúde. Alguns alegam ter sido informado que não havia vacina disponível nas unidades.
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A diretora-executiva de Atenção à Saúde do Recife, Eliane Germano, garante que a capital está abastecida com os imunizantes antirrábicos necessários para atender à demanda. “O abastecimento no Recife é regular. Se houve algum tipo de desabastecimento em decorrência do fluxo de pacientes, foi apenas o tempo de traslado das doses da central para as unidades”, ressalta.
Queixas
A cientista social Gabriela Silva, 25 anos, buscou os dois serviços na última segunda (3) para vacinar o noivo, Rodrigo Sena, 25, mordido por um cachorro de rua no domingo passado (2). O casal só foi atendido após sete horas de espera. “Fomos primeiro no Lessa de Andrade e nos disseram que não tinham como vacinar, pois estavam sem médico na policlínica para aplicar a dose. Nos mandaram, então, para a Barros Lima, onde só fomos atendidos muito tempo depois da triagem. Só não demorou mais porque muitas pessoas que estavam na nossa frente desistiram. Mesmo com toda a demora, meu noivo só conseguiu tomar a vacina, pois o soro antirrábico estava em falta”, conta.
Caso parecido aconteceu com a tosadora Ana Beatriz Santos, 21, que foi mordida na tarde dessa terça (4) por um cachorro resgatado pelo petshop em que trabalha. A jovem buscou primeiramente o serviço no Lessa de Andrade e não conseguiu sanar o problema. “Fui para o Lessa e me disseram que o médico responsável estava doente. Já na Barros Lima informaram que não haveria vacina para todos. Mas, amanhã, eu terei que trabalhar novamente com animais e não sei o que fazer”, lamenta Ana Beatriz, que até o início da noite não havia recebido a dose.
Segundo Eliane, não há como oferecer a vacina em outros locais da rede pública para desafogar o serviço. “A vacina antirrábica não faz parte do protocolo nacional de vacinação. O imunizante é direcionado a um grupo muito específico. É necessário controle e avaliação dos casos. As duas unidades atendem bem a demanda do Recife”, defende.
Para a diretora de Atenção à Saúde, o foco da prevenção deve estar no monitoramento do animal que atacou. “A população não precisa se angustiar. Mais importante do que aumentar o número de doses da vacina, é observar o animal para evitar que as pessoas façam um protocolo de profilaxia sem necessidade. Vale reforçar também que, se esse animal desaparecer, morrer ou apresentar qualquer alteração no comportamento, a Vigilância Ambiental deve ser acionada imediatamente”, esclarece.