CRÍTICA

Quentin Tarantino volta às questões raciais do western em Os Oito Odiados

Novo longa-metragem do diretor de Cães de Aluguel poderá ser visto a partir desta sexta-feira (1º/1)

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 31/12/2015 às 5:17
Diamond Filmes/Divulgação
Novo longa-metragem do diretor de Cães de Aluguel poderá ser visto a partir desta sexta-feira (1º/1) - FOTO: Diamond Filmes/Divulgação
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Se é verdade o que Quentin Tarantino anda apregoando, o western Os Oito Odiados, que entra em exibição especial a partir desta sexta-feira (1º/1) nos cinemas brasileiros - a estreia oficial é no próximo dia 7 -, é o antepenúltimo filme dirigido por ele. Durante sua passagem pelo Brasil, em novembro passado, o cineasta disse que, para ser considerado um diretor de westerns, ele teria que dirigir três longas-metragens do gênero, que um dia foi considerado “o cinema americano por excelência”.

Assim como Django Livre, realizado há três nos, Os Oito Odiados é um filme sobre as raízes racistas da sociedade americana. Como é de saber notório, a questão racial passou ao largo do gênero, até mesmo durante o período revisionista das décadas de 1960 e 1970. Com seu conhecimento enciclopédico, Tarantino buscou um olhar original para dar sua contribuição à história do western.

Ele situa a história de Os Oito Odiados alguns anos depois do fim da Guerra Civil Americana (1861-1865), quando o país ainda apresentava sequelas do separatismo entre o Norte (a União) e o Sul (a Confederação), que pegaram em armas devido às diferenças quanto ao escravagismo. Esse background doloroso é o pano de fundo do encontro entre os oito personagens do filme, um grupo nada simpático formado por soldados unionistas e confederados, caçadores de recompensas e foras da lei.

Ao contrário de Django Livre, porém, Os Oito Odiados não é um filme de aventuras (como Sete Homens e um Destino, por exemplo, que está sendo refilmado por Antoine Fuqua). Trata-se mais de um psicodrama da mesma estirpe de Cães de Aluguel, seu genial longa de estreia. Embora comece com cenas majestosas de uma paisagem gelada, com uma carruagem cortando quilômetros de neve, o principal cenário do filme é uma larga cabana, onde os personagens vão se encontrar para um banho de sangue de proporções bíblicas.

Tarantino recrutou os principais atores de sua companhia de repertório para dar vida aos personagens de Os Oito Odiados, entre eles Samuel L. Jackson (o Major Marquis Warren), Kurt Russell (o caçador de recompensas John Ruth), Tim Roth (Oswaldo Mobray, outro caçador de recompensas), Michael Madsen (o cowboy Joe Gage), James Parks (o condutor de diligência O.B. Jackson) e Walton Goggins (o xerife Chris Mannix). 

Ao grupo, o diretor ainda trouxe Jennifer Jason Leigh (a prisioneira Daisy Domergue), Bruce Dern (o general confederado Sandy Smithers) e Demián Bichir (o funcionário da cabana Bob).

Todos os personagens, além de um que surge numa reviravolta, vão se digladiar na cabana, não apenas com armas, mas com palavras também. Ao estruturar Os Oito Odiados como um filme de suspense (igual a uma peça de Agatha Christie), Tarantino renova mais uma vez seu cinema, no qual violência e metalinguagem fazem parte de uma mesma moeda.

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