DISCO

Johnny Hooker é de todos os ritmos em Coração, o novo disco

Caetano Veloso e David Bowie são homenageados

José Teles
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José Teles
Publicado em 25/07/2017 às 7:00 | Atualizado em 14/06/2022 às 17:20
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Caetano Veloso e David Bowie são homenageados - FOTO: Foto: Divulgação
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Sai o brega conceitual de Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito! (2015), o álbum de estreia de Johnny Hooker, entra o pop pós-tudo, que retoma a lição do vale-tudo tropicalista, no disco novo, Coração, disponível nas plataformas digitais desde a madrugada do domingo. O disco é aberto com um aboio, a capela, como manda o gênero, e envereda por um rock, Touro, claramente influenciado pelo Caetano Veloso de , para cair em um samba no pé, com Eu Não Sou Seu Lixo.

Corpo Fechado (que quase daria título ao disco), uma dançante levada paraense, com Gaby Amarantos, retoma, desta vez com bom humor, um tema recorrente na música de Johnny Hooker, a promessa da volta por cima, depois do fim de mais um relacionamento. Página Virada é uma dramática atualização do sofrido samba-canção: "Procure outra mulher/ pra mim és página virada/ me curei da dor", que remonta ao Orlando Silva de Jornal de Ontem ("Pra mim és jornal de ontem/já li, já reli/não quero mais", de Romeu Gentil/Elisário Teixeira).

Um soul à Stax que soa como um remake de (You Make me Feel) Like a Natural Woman, hit de Aretha Franklin, Flutua foi lançado como single do álbum e provocou polêmica pela capa, que estampa a foto de Hooker e Liniker beijando-se na boca. A letra é igualmente explícita, mas continua valendo o provérbio chinês de que uma imagem vale mais do que mil palavras. "E flutua, flutua, ninguém vai poder nos dizer como amar/ em conversa solta pelo chão/ teu corpo teso, duro, são/ e teu cheiro que ainda ficou na minha mão".

CAÊ

Caetano Veloso é influência, e reverenciado no ijexá batizado com o nome do baiano. Até na interpretação, Johnny Hooker se vale dos melismas (extensão das sílabas finais dos versos), que é um marca registrada de Caetano. A música é uma das mais radiofônicas do disco e sai do tema da passionalidade que é a marca de Hooker. O amante latino e possessivo despe-se da armadura emocional e derrama-se em Crise de Carência, um funk balada: "Meu amor não vá embora por favor, que a vida já me ensinou que vale mais resistência/ tenha fé, aonde você for eu vou/ pra aplacar a minha crise de carência".

Coração de Manteiga de Garrafa, um samba-reggae evoca A Luz de Tieta, de Caetano Veloso, mais uma para tocar no rádio. Uma pausa para homenagear, em Poeira de Estrelas, David Bowie, ídolo de Johnny Hooker, que, adolescente, chegou a final de um concorrido festival, promovido pela Aeso, em 2004, cantando música de Bowie. A canção, no entanto, não faz jus à paixão por Bowie, é um balada sem muito sal, ou pimenta, como a faixa que fecha o disco, Escandalizar mais uma referência a Caetano Veloso, um frevo com clima de Chuva, Suor e Cerveja (a guitarra tem o mesmo timbre usado por Lanny Gordon em Atrás do Trio Elétrico).

Dia 6 de agosto, Johnny Hooker comemora os 30 anos de idade e o disco novo, com show na esplanada do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, aberto ao público.

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