A primeira fase da seleção brasileira na Copa do Mundo não foi perfeita, mas passou longe de ser preocupante. É verdade que os comandados de Tite deixaram a desejar logo na estreia, no empate diante da Suíça, mas nas duas partidas seguintes (Costa Rica e Sérvia) eles confirmaram o favoritismo com apresentações consistentes e asseguraram a primeira colocação do Grupo E, com sete pontos conquistados. Contudo, o time canarinho ainda carece de alguns ajustes para chegar forte no mata-mata. O próprio treinador tem ressaltado nas coletivas que a seleção está em processo de evolução, não só enquanto time (coletividade), como também em peças (individualidade).
“Essa equipe criou expectativa alta porque arrebentou durante a fase de classificação e nos amistosos recentes. Só que ela vem para uma Copa do Mundo, que é um novo ciclo, um novo formato de competição. Queria que arrebentasse como arrebentou no segundo tempo contra Croácia e Áustria, sendo que o Mundial tem uma característica diferente”, falou Tite.
Mesmo ainda em crescimento na competição, o Brasil está no topo de aproveitamento em alguns fundamentos nessa Copa do Mundo. Os comandados de Tite aparecem na segunda posição no que se refere a número de tentativas, com 56 arremates, sendo 19 delas em gol. Os brasileiros também surgem como a terceira equipe que mais ficou com a posse de bola: foram 111 minutos e quatro segundos nos três jogos disputados - só ficou atrás de Alemanha (121’33”) e Espanha (114’34”). Esse período com a bola no pé rendeu ao Brasil 1.884 trocas de passes (1.678 certos), também ficando em terceiro nesse quesito, atrás das mesmas seleções citadas anteriormente.
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Na verdade, os três fundamentos se complementam: com mais posse de bola, maior a possibilidade de criar as jogadas ofensivas e mais oportunidades de se concluir em gol. Além disso, essa estratégia também ajuda lá atrás, no setor defensivo. O contexto é o mesmo. Com o controle da bola, o Brasil evita que os adversários lhe ataquem. Basta analisar os números defensivos dos brasileiros: é a segunda equipe que menos sofreu gols na Copa do Mundo (1), atrás apenas do Uruguai que ainda não foi vazado. O goleiro Alisson, por sinal, só fez duas defesas - perde para De Gea, da Espanha, que teve apenas uma participação ativa.
Os números expõem, dentre outras coisas, que a seleção tem conseguido manter o equilíbrio entre os setores. Com o balanço defensivo (recomposição) e ofensivo (contra-ataque). Apesar de alguns desfalques nas laterais por lesão: Daniel Alves, cortado; e durante a Copa, Danilo (quadril) e Marcelo (lombar), a defesa se houve bem.
INDIVIDUALMENTE
Enquanto os holofotes estavam todos direcionados para Neymar e seus constantes e duvidosos cortes de cabelo, dentro de campo quem arrebentou mesmo foi o tímido Philippe Coutinho. Discreto, o camisa 11 tem sido o “cara” da seleção no Mundial. Autor de dois gols e de uma linda assistência para Paulinho marcar contra a Costa Rica, o meio-campista tem ofuscado o jogador mais caro do mundo.
Apesar do gol feito diante da Costa Rica e do escanteio cobrado para Thiago Silva marcar contra a Sérvia, Neymar ainda não assumiu o protagonismo que lhe cabe e, para piorar, ainda colecionou algumas marcas negativas. Na Rússia, o camisa 10 vem mantendo o seu histórico de indisciplina e está pendurado com um cartão amarelo. Ainda carecendo de ritmo (ficou três meses em recuperação), o atacante tem ficado bastante em impedimento (é o primeiro na Copa, com cinco infrações).
No mata-mata, Willian e Gabriel Jesus precisam mostrar mais futebol, pois, caso contrário, correm o risco de perderem a posição para Renato Augusto e Firmino contra o México.