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Racha político tem afundado o Náutico

Náutico vive embate entre os poderes que comandam o clube

Davi Saboya
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Davi Saboya
Publicado em 24/06/2017 às 14:11
Foto: JC Imagem
Náutico vive embate entre os poderes que comandam o clube - FOTO: Foto: JC Imagem
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A lanterna da Série B assusta os alvirrubros. O fantasma de uma nova queda para a Terceira Divisão - disputou a competição em 1999 e só saiu dela por contra da virada de mesa que criou em 2000 a Copa João Havelange -, assombra o Náutico. Isso porque o clube vive hoje uma crise técnica, financeira e, sobretudo, política. Este último ponto, para a maioria dos alvirrubros, é o mais grave. Os fatos comprovam que isso é verdade. Com uma oposição ferrenha nos últimos anos, dois grupos protagonizam uma briga política em Conselheiro Rosa e Silva. De um lado, o Executivo. Do outro, o Conselho Deliberativo.

É como se os dois poderes não falassem a mesma língua. A gota d’água foi a medida tomada pelo Deliberativo de antecipar a eleição presidencial, normalmente marcada para dezembro. O pleito está previsto para acontecer no dia 16 de julho, mas o presidente Ivan Brondi (assumiu após a renúncia de Marcos Freitas, que passou apenas cinco meses no cargo) entrou na Justiça contra a antecipação. Até agora, o único candidato é Edno Melo, da chapa Resgate Alvirrubro, que tem Diógenes Braga como vice. Edno ganhou notoriedade nos Aflitos após perder a eleição para Marcos Freitas por apenas 10 votos, em umas das eleições mais acirradas do trio de ferro da capital.

Conselho representa todas as correntes de torcedores do clube. Existem conselheiros que apoiam as ações do executivo, outros que são mais críticos, o que é natural e salutar. É obrigação do Conselho estar à disposição para contribuir para que for melhor para o Náutico, independente de quem esteja à frente da diretoria”, afirmou o presidente do Conselho Deliberativo, Gustavo Ventura, que protagonizou um momento histórico no Náutico ao lado do ex-presidente Glauber Vasconcelos na eleição para o biênio 2014/2015. Ele estava entre os vices do Executivo junto com Durval Valença.

Pela primeira vez, os sócios puderam votar diretamente no candidato ao cargo máximo. Era o ápice de uma oposição marcada por um grupo e não apenas uma liderança: o Movimento Transparência Alvirrubra (MTA). Glauber venceu por uma vantagem esmagadora após um processo marcado por fortes acusações ao ex-presidente Paulo Wanderley e os últimos gestore.

Inclusive, a troca de acusações foi parar na Justiça. “Fui um dos que me afastei do Náutico. Tenho ajudado no que me pedem, mas estar lá pessoalmente não. Tenho ido a poucos jogos. Isso porque não vejo clima para encontrar as pessoas. Quando chegamos lá na Arena é um falando mal do outro e olhando desconfiado. Tenho mais o que fazer do que ficar nesse tipo de situação”, frisou Wanderley. “O Náutico não suporta tanta divisão. A proposta do MTA era um grupo diferente, que tinha que colocar todo mundo para fora. Não se consegue montar nada desse jeito. As pessoas que sempre ajudaram estão afastadas. O radicalismo leva a isso e não concordo”, completou Marcílio Sales, que foi o primeiro candidato a presidente do executivo em 2011 com o apoio do MTA.

Só que dois anos depois, Sales deixou o Movimento Transparência Alvirrubra porque aceitou fazer parte do colegiado formado por 17 membros para tentar evitar a queda para a Série B em 2013, o que não aconteceu. O Timbu fez uma campanha pífia, sendo rebaixado como lanterna e com a maior sequência de derrotas, 12, da história do Campeonato Brasileiro. Segundo Marcílio, o próprio grupo não se entendia, mesmo sendo formado com quem estava no poder. “Mesmo ali, tinha gente com diferença um com o outro. Se procurar, as pessoas não tinham afinidade no dia a dia”, contou Sales.

UNIÃO

A história mostra que a última vez que houve união, o Náutico conseguiu reencontrar o caminho dos títulos. Foi em 2001, quando o ex-presidente André Campos assumiu o comando com o apoio dos grupos que formavam a política na época. A missão era impedir o rival Sport de conquistar o hexacampeonato pernambucano e manter o funcionamento do clube. Glauber Vasconcelos e Ivan Brondi foram procurados, mas não atenderam a reportagem do JC

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