A oposição venezuelana marchará nesta quarta-feira (26) em Caracas e em outras cidades para exigir eleições gerais, intensificando sua ofensiva contra o presidente Nicolás Maduro, apesar do temor de novos episódios de violência, que já deixaram 26 mortos. A marcha pretende chegar em Caracas à sede da Defensoria do Povo, no centro da cidade, considerado um reduto chavista, onde os opositores não puderam entrar até agora, bloqueados pelas forças de segurança.
Desde que os protestos começaram, em 1º de abril, foram registrados confrontos entre efetivos antimotins e manifestantes, distúrbios, saques e tiroteios de grupos de encapuzados, que segundo a Procuradoria deixaram 26 mortos, embora Maduro fale de 29 falecidos. "Vamos resistir, vamos persistir, não vamos nos render", manifestou o líder opositor Henrique Capriles ao acusar o governo de uma "repressão selvagem" das manifestações.
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Sem ceder terreno, o chavismo convocou a "juventude revolucionária" a marchar nesta quarta-feira ao Palácio Presidencial de Miraflores "em defesa da paz" e em apoio a Maduro. "Vamos derrotar a guarimba (protesto violento) e o golpe de Estado", disse na noite de terça-feira (25) o presidente socialista, que acusa os líderes opositores de "terrorismo".
Maduro, cujo mandato termina em janeiro de 2019, afirma que seus adversários têm um plano apoiado pelos Estados Unidos para derrubá-lo e propiciar uma intervenção estrangeira. Enquanto isso, a oposição classifica o governo de "ditadura" e vê como única saída para a profunda crise política e econômica do país petrolífero a saída de Maduro do poder, afirma, através de eleições.
Mais de 70% dos venezuelanos, segundo pesquisas privadas, reprovam a gestão de Maduro, cansados da escassez de alimentos e remédios, e de uma inflação que segundo o FMI chegará a 720,5% neste ano, a mais alta do mundo.
Pressão internacional aumenta
A tensão na Venezuela segue gerando preocupação. A Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo secretário-geral Luis Almagro chama Maduro de ditador, se reúne nesta quarta-feira para discutir um possível encontro de chanceleres que tratem o tema. A ministra das Relações Exteriores Delcy Rodríguez advertiu que, se for realizada uma reunião de chanceleres, a Venezuela iniciará "o procedimento de retirada" da OEA.
Os protestos explodiram depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao chavismo, assumiu no fim de março as funções do Parlamento, único dos poderes que a oposição controla. O TSJ recuou nesta decisão após as fortes críticas internacionais e a surpreendente declaração da procuradora Luisa Ortega, chavista confessa, que afirmou que com esta decisão do tribunal houve uma "ruptura da ordem constitucional".