Um homem-bomba detonou uma carga explosiva ao final de um show da cantora pop Ariana Grande em Manchester na segunda-feira (22) à noite, um atentado que deixou 22 mortos e 59 feridos, incluindo crianças e adolescentes. O grupo Estado Islâmico reivindicou o ataque.
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O homem que executou o ataque na Manchester Arena, o atentado mais violento no Reino Unido desde os que atingiram os transportes públicos de Londres em 2005, morreu ao detonar a carga explosiva, anunciou a polícia da cidade, que classificou o ato de "incidente terrorista".
O chefe de polícia de Manchester, Ian Hopkins, disse que o homem detonou um "dispositivo explosivo de fabricação caseira" na Manchester Arena quando os fãs deixavam o local.
"A arena ficou pavorosamente em silêncio durante cinco ou seis segundos, que pareceram mais longos, e depois todo mundo correu em todas as direções", afirmou à AFP Kennedy Hill, uma adolescente que estava no show da cantora americana.
A mãe da jovem, Stephanie Hill, disse que as pessoas perderam os sapatos e os telefones na tentativa desesperada fugir do local.
"Havia muitas crianças e adolescentes como minha filha no show. É uma tragédia", lamentou.
'Pais carregavam as filhas com lágrimas'
"Alguns pais carregavam as filhas nos braços com lagrimas", contou à AFP Sebastian Díaz, um jovem de 19 anos de Newcastle.
A polícia recebeu um alerta de explosão no local com capacidade para 20.000 pessoas às 22H35 (18H35 de Brasília). A área foi isolada e viaturas policiais e ambulâncias foram enviadas ao local.
'Corpos por todos os lados'
"Ouvimos a última música e, de repente, foi como um flash com um bang e depois fumaça", contou à BBC Gary Walker, morador de Leeds, que ao lado da esposa aguardava as filhas na saída do show.
Walker ficou ferido em um pé e a esposa no estômago.
Elena Semino, que esperava a saída da filha de 17 anos, contou ao jornal The Guardian que também ficou ferido.
"Senti como se tivesse fogo no pescoço e quando levantei a cabeça havia corpos por todos os lados", disse.
De acordo com a polícia de Manchester, a explosão aconteceu dentro do estádio em que se encontra a sala de espetáculos.
Emma Johnson confirmou a informação à BBC. "Estava na parte de cima das escadas com meu marido, para esperar nossas filhas, e o vidro explodiu. Era perto do local onde vendem recordações. Todo o edifício tremeu".
"Todo mundo era vítima do pânico", contou à Sky News Isabel Hodgins.
"O corredor estava lotado e havia cheiro de queimado, muita fumaça, no momento em que saímos", disse.
Cheryl McDonald, que levou a neta de nove anos ao show, confirmou que o local estava repleto de crianças.
O ataque de Manchester é o mais grave no Reino Unido desde julho de 2005, quando vários atentados suicidas deixaram 52 mortos, incluindo quatro terroristas, e 700 feridos no metrô e em um ônibus de dois andares de Londres. Esta ação foi reivindicada por um grupo que dizia pertencer à Al-Qaeda.
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou "medidas de segurança reforçadas em e nos arredores dos locais e eventos públicos".
O nível de ameaça de atentados no Reino Unido é "severo", o segundo mais elevado na escala do governo, e significa que é altamente provável que aconteçam atentados.
O nível mais elevado na escala é o "crítico", ativado em caso de ameaça iminente.
Reações após explosão
Ariana Grande lamentou o atentado em sua conta no Twitter. A cantora, que começou na Disney, se declarou "devastada" e que sentia muito pelo ocorrido.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, condenou o que chamou de "terrível atentado terrorista". Famosos e celebridades também se pronunciaram sobre a tragédia. As cantoras Demi Lovato e Katy Perry, com público semelhante ao de Ariana, lamentaram o fato nas redes sociais.
A ministra do Interior, Amber Rudd, denunciou um "ataque bárbaro que apontou deliberadamente contra os mais jovens de nossa sociedade, os jovens e as crianças que foram assistir um show de música pop".
"Permaneceremos fortes, vamos continuar unidos, porque somos assim. Isto é o que fazemos, eles não vencerão", disse o prefeito de Manchester, Andy Burnham.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, anunciou o reforço da segurança nas ruas da capital da Inglaterra.
"Estou em contato constante com a Polícia Metropolitana, que está revisando o dispositivo de segurança em Londres. Os londrinos verão mais policiais em nossas ruas", disse Khan.
O atentado provocou reações de condenação em todo o planeta.
O presidente americano Donald Trump condenou os "perdedores maléficos" por trás do atentado.
"Tantos jovens, belos, inocentes vivendo e apreciando suas vidas assassinados por perdedores maléficos", afirmou Trump durante uma visita ao Oriente Médio.
"Eu não vou chamá-los de monstros porque eles gostariam do termo. Eles pensariam que é um grande nome".
A chanceler alemã Angela Merkel expressou sua "tristeza e horror", enquanto o presidente russo Vladimir Putin declarou que está disposto a "desenvolver a cooperação antiterrorista" após o atentado "cínico e desumano".
O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou "horror e consternação" com o atentado.
O atentado provocou a suspensão dos atos da campanha para as eleições de 8 de junho na Grã-Bretanha e aconteceu exatamente dois meses depois do ataque perto do Parlamento de Londres que deixou cinco mortos, quando um homem avançou com seu carro contra uma multidão e esfaqueou um policial.