Terrorismo

Autor do atentado de Manchester era parte de uma célula

Autor do atentado não atuou sozinho, segundo a polícia

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 24/05/2017 às 12:13
Foto: AFP
Autor do atentado não atuou sozinho, segundo a polícia - FOTO: Foto: AFP
Leitura:

A polícia britânica deteve quatro pessoas relacionadas ao atentado de Manchester reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) e confirmou nesta quarta-feira (24) que o autor fazia parte de uma célula.

"Está claro que estamos investigando uma célula", disse à imprensa o comandante da polícia de Manchester, Ian Hopkins, ao ser questionado se estavam procurando especificamente o homem que fabricou a bomba que matou 22 pessoas e deixou 59 feridos ao final de um show da cantora pop americana Ariana Grande.

Quase mil soldados foram mobilizados nesta quarta nas ruas do Reino Unido depois que o governo ativou o nível máximo de alerta terrorista.

Ao mesmo tempo, as autoridades divulgaram mais nomes de vítimas. Crianças, adolescentes, pais que esperavam os filhos. Os rostos e as histórias dos mortos aumentam a consternação no país.

"Maldade pura" (The Sun), "Vidas jovens roubadas pelo terror" (The Guardian), "Orações pelos desaparecidos e os mortos" (Manchester Evening News): os jornais britânicos lamentam o ataque e publicam fotos das vítimas.

A polícia anunciou que concluiu o processo de identificação de todas as vítimas e entrou em contato com as famílias.

Em quatro ou cinco dias, após a conclusão de todos os exames dos legistas, "poderemos comunicar formalmente os nomes" dos mortos, afirma a polícia em uma nota oficial.

Nick Lewis, pai de uma menina ferida, explicou que sua filha foi "costurada, perfurada, vendada" e finalmente recomposta pelos médicos. "Será um longo caminho, mas já demos o primeiro passo", explicou. 

Mais três detidos 

"Três homens foram detidos quando a polícia executou ordens de busca no sul de Manchester relacionadas com o horrível atentado de segunda-feira à noite", explicou a polícia em um comunicado.

No total, quatro pessoas foram detidas pelo atentado. Um homem de 23 anos já havia sido preso na terça-feira.

O principal suspeito do atentado, Salman Abed, que morreu no ataque, estava no radar dos serviços de inteligência e "provavelmente" teve cúmplices, afirmou a ministra britânica do Interior, Amber Rudd.

O atentado foi "mais complexo que os que vimos antes e parece provável, possível, que não tenha atuado sozinho", disse Rudd à rádio BBC.

Ao falar sobre Abedi, um britânico filho de pais líbios, a ministra confirmou que ele estava no radar dos serviços de inteligência.

"Era alguém que os serviços de inteligência conheciam e tenho certeza de que, quando a investigação for concluída, nós saberemos mais", disse Rudd.

"Os serviços de segurança conhecem muitas pessoas, isto não significa que esperamos que prendam todo mundo que conhecem", completou.

Abedi tinha 22 anos e nasceu em Manchester, filho de imigrantes líbios. De acordo com a imprensa britânica, ele viajou à Líbia e Síria antes de retornar ao Reino Unido e cometer o atentado, uma informação que não foi confirmada pelas autoridades.

O ministro francês do Interior, Gerard Collomb, afirmou que, de acordo com informações procedentes dos investigadores britânicos, Abedi passou pela Líbia e "provavelmente" também pela Síria.

Soldados nas ruas 

A hipótese de cúmplices do atentado motivou a decisão do governo de ativar o nível máximo de alerta terrorista, agora no grau "crítico", que significa que outro ataque é "iminente".

Em resposta ao aumento do nível de alerta, quase mil soldados foram mobilizados, segundo uma fonte do ministério da Defesa. Os militares chegaram de ônibus ao centro de Londres e seguiram para seus postos.

É uma situação temporária para responder a um fato excepcional", explicou Rudd.

A Scotland Yard afirmou que os soldados permanecerão sob seu comando e integrados em sua estrutura para fornecer "proteção armada estática em locais chave", que incluem o Palácio de Buckingham, a residência da primeira-ministra, embaixadas e o Parlamento".

Dois meses antes do atentado de Manchester, um homem avançou com seu carro contra os pedestres que caminhavam perto do Parlamento, antes de matar um policial desarmado que protegia o edifício. O ataque deixou um total de cinco mortos.

Os rostos da tragédia 

O atentado de segunda-feira foi o mais violento no país desde 2005, quando homens-bomba atacaram o metrô e um ônibus de dois andares em Londres, com um balanço de 52 mortos e 700 feridos.

Charlotte Campbell, que na terça-feira deu entrevistas e pediu ajuda para encontrar a filha Olivia, de 15 anos, anunciou nesta quarta-feira que a jovem morreu na tragédia.

"RIP minha querida filha preciosa, linda Olivia Campbell, levada para longe, longe, prematuramente, vai cantar com os anjos e continuar sorrindo. Mamãe te ama", escreveu no Facebook, na legenda de uma foto da jovem.

Também foram confirmadas as mortes de um homem e uma mulher poloneses que moravam no Reino Unido, assim como de duas amigas britânicas de 45 e 47 anos. Os quatro estavam na Manchester Arena para buscar os filhos.

A imprensa também informou as mortes de uma mãe de 32 anos e de dois homens de 26 e 29 anos de idade.

Na terça-feira, a menina Saffie Rose Roussos, de apenas 8 anos, e Georgina Callander, de 18, ambas do condado de Lancashire, foram as primeiras vítimas fatais identificadas.

Nesta quarta-feira, o Chelsea anunciou o cancelamento do desfile para celebrar o título do clube na Premier League, previsto para o próximo domingo, em solidariedade às vítimas do atentado de Manchester.

O jogador marfinense Yaya Touré, do Manchester City, e seu agente anunciaram uma doação de 100.000 libras para ajudar as vítimas.

Últimas notícias