A chanceler alemã, Angela Merkel, confirmou neste sábado (7) que discussões serão conduzidas com os liberais e os ambientalistas para formar um novo governo de coalizão, uma conclusão lógica após os resultados das últimas eleições legislativas. "Espero que a coalizão seja estabelecida", declarou Merkel em Dresden (leste da Alemanha) durante um discurso para a juventude de seu partido conservador.
Ela ressaltou que acredita que as negociações serão "difíceis", em razão das grandes divergências entre os partidos sobre questões sensíveis. Seu partido conservador venceu com 33% dos votos as eleições legislativas de 24 de setembro, um resultado considerado "decepcionante" pela chanceler.
Como consequência, Merkel se viu obrigada a formar uma nova coalizão com os liberais do FDP (10,7% dos votos) e os Verdes (8,9%), abertos a um tal esquema de governo. Com cerca de 20% dos votos, os social-democratas do SPD indicaram, no mesmo dia das eleições, que não participariam de uma nova "grande coalizão" com os conservadores. Desta forma, entraram para a oposição após anos no governo de Merkel.
"É evidente que, num futuro próximo, os social-democratas do SPD não serão capazes de governar a nível nacional", então "não devemos tentar pensar mais sobre essa questão", considerou Merkel. Esta provável coalizão a três conservadores-FDP-Verdes, chamada de "coalizão Jamaica" por causa das cores desses três partidos, não teria precedentes na Alemanha a nível nacional.
No entanto, a nível regional ela existe há meses em Schleswig-Holstein (norte). Antes disso, um outro pequeno land, a Sarre, foi administrado de 2009 a 2012 por uma coalizão reunindo essas três forças. Espera-se que essas negociações cheguem ao seu ápice em alguns dias, mas não devem levar à formação de um governo antes do final do ano.
Confiante
No domingo (8), a chanceler e vários líderes do seu Partido Democrata Cristão (CDU) devem se reunir em Berlim com seus aliados bávaros do CSU para acordar um programa conjunto para os próximos quatro anos, principalmente sobre a sensível questão da migração. O CSU exige o estabelecimento de uma cota máxima de 200 mil refugiados na Alemanha por ano. A este respeito, nem a chanceler, nem os liberais nem os ecologistas querem ouvir falar.
Mas Merkel se mostrou confiante neste sábado de que um acordo será alcançado "sem que ninguém saia perdendo", satisfazendo sua audiência bastante crítica sobre o assunto. "Cada um de nós deve fazer o máximo para garantir que esta União (entre CDU e CSU) continue a existir na Alemanha", disse ela. Juntamente com muitos aplausos, ela também foi recebida com alguns cartazes de delegados da juventude do CDU exigindo "limitar a imigração".
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